PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

14 abril 2013

Venezuelanos elegem novo presidente após 14 anos


No Recife, 25 cidadãos estão aptos a participar do pleito

Cerca de 4 mil quilômetros separam venezuelanos, que vivem na região nordeste do Brasil, de suas famílias na Venezuela. Contudo, a distância não os impedem de exercer seus direitos, tampouco de sonhar com um futuro melhor para seu país. Cerca de 150 venezuelanos vivem no nordeste. Destes, apenas 25 estão cadastrados para votar no Consulado Geral da Venezuela no Recife, na eleição, que ocorre neste domingo (14). O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país informou que, por falta de tempo hábil para atualização cadastral e auditoria, novos cadastros não puderam ser realizados, desde o último pleito, em outubro de 2012.
Paullo Almeida/Folha de Pernambuco

Diego Ortiz aposta no discurso de união do candidato Henrique Capriles
No Brasil há 30 anos, o professor de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Wilfredo Maldonado, faz parte do que ele classifica como a “geração dos exilados”. “À época, a classe média na Venezuela era pequena e não possuía muitas oportunidades. As famílias que tinham condições enviavam os filhos para estudar no exterior”, explica Maldonado, acrescentando que naquela época o país não tinha a cultura das universidades. “Só agora a Venezuela tem projeto em educação, mas não conseguiu ainda chegar a um sistema educativo eficiente, possui falhas na concepção”, acrescenta.
Contudo, Maldonado analisa o chavismo como algo positivo ao país. “A chegada de Chávez ao poder trouxe uma reviravolta no cenário sócio-cultural-político-econômico do país, organizando a sociedade civil, deixando o povo mais esclarecido”, afirma. No entanto, mostra-se crítico a algumas políticas adotadas pelo governo, sobretudo, de ordem econômica. “Há problemas que deveriam ser equacionados de forma diferente. Os problemas econômicos que Chávez enfrentou, por exemplo, o “Paro Petrolero” [greve no setor petroleiro que ocorreu entre 2002 e 2003, que até hoje influencia na produção] ele não conseguiu solucionar”, exemplifica. “Além dele não ter conseguido diversificar as áreas de produção.”
O comunicólogo afirma que na Venezuela, ao contrário do que é propagado, há liberdade de expressão. “Todos dialogam. Mas as posturas políticas, ao longo do tempo, ficaram bastante radicais”, argumenta Maldonado, que, apesar de mostrar-se crítico ao atual modelo, observa Maduro como uma figura interessante e o compara a Lula. “Eles entraram na política via o mundo sindical e foram ganhando espaço”, reflete. “Maduro foi o grande articulador da política externa venezuelana, com projeto ligados à Opep [Organização dos Países Exportadores de Petróleo], ao Mercosul e ao Caribe”, destaca Maldonado.
O estudante de doutorado em Ciências dos Materiais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Diego Ortiz, que está em Pernambuco há um ano e sete meses, possui uma posição política centrista, embora neste pleito seja mais favorável ao candidato de direita. “Aposto no [Henrique] Capriles, pois ele prega um discurso de união, que o país está precisando, e sem ser agressivo”, declara Ortiz.
Segundo Ortiz, a maior parte de sua família é chavista e, apesar de preferir o opositor, ressalta a importância do ex-presidente. “O governo de Chávez fez muita coisa pelas pessoas que tem menos recursos. Hoje a Venezuela é totalmente diferente de anos atrás, quando ele entrou no governo [em 1999]”, avalia.
O estudante, de classe média, explica que em sua área de trabalho a situação é bem complicada para conseguir emprego. “Na área científica está bastante difícil, eu sofria muito lá. Chávez não deu atenção. Afinal, havia outras prioridades, como ajudar os mais pobres”, afirma Ortiz, em tom de compreensão, comentando que muitos dos seus amigos não encontram oportunidades de emprego e pensam em deixar o país. As opções, normalmente, são Estados Unidos, Argentina, Espanha, Colômbia e Canadá.

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