Decreto nacional de emergência em saúde devido à malformação e o zika completa dois meses
Arthur Mota/Folha de Pernambuco
Na última quarta (10), a presidente Dilma participou do encontro do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic). A autorização para o aborto em casos de microcefalia é alvo de ponderação entre as igrejas. Se a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já afirmou que a epidemia de zika no Brasil não justifica a medida, outros grupos preferem ainda não tomar posição sobre o assunto e avaliam que cabe ao governo arbitrar sobre o tema.
“Hoje, a gente tem uma resposta possível, não a ideal. Essa discussão é muito recente. O propósito da igreja é sempre pela vida”, disse dom Flávio Irala, bispo da Igreja Anglicana. “Mas não podemos ficar nos escondendo de debates polêmicos”, completou. Irala, que é presidente do Conic, disse que a entidade não discutiu o assunto e ponderou que é preciso ter cautela para não criar “antagonismos dentro do conselho”. Presidente da Aliança de Batistas do Brasil, Joel Zeferino afirmou ser necessário discutir o assunto com a sociedade. “É preciso incluir nesse debate as mulheres que sofrem esse aborto, sobretudo das periferias das cidades, mulheres negras, que de fato fazem esses abortos ilegais”, comentou.
Nas últimas semanas, observou- se que os números permanecem subindo, mas em ritmo menos acelerado, mas é precário falar em controle da epidemia. Durante esse tempo, houve mudança na padronização da microcefalia de 33 cm para 32 cm de perímetro cefálico, a adoção de protocolos para crianças e gestantes e assistência. E depois de quase um ano sem notificação própria, o zika passou a ser computado como tal e diferenciado da dengue.
A palavra de ordem agora tem sido a cooperação internacional para frear o avanço do vírus, da microcefalia e das complicações neurológicas. Mais de 20 países e territórios das Américas já tiveram notificação da arbovirose, que começou a chegar também na Europa, mas tem circulação antiga na África e Ásia. Nessa construção de conhecimento para a guerra contra a doença, problemas diplomáticos colocaram em xeque inclusive a administração da presidente Dilma Rousseff. O governo começou a estruturar um pacote de medidas para agilizar acordos e aumentar a troca de informações com outros países.
O assunto foi o tema de em reunião no Palácio do Planalto, na última quarta (10), com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil), Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia). A previsão é que o plano seja lançado até o final deste mês, e deve incluir iniciativas como convênios com laboratórios internacionais, produção de vacinas em parceria com os Estados Unidos e a diminuição da burocracia para exportação de amostras do vírus da zika.
Nenhum comentário:
Postar um comentário