Bebê abandonado deve receber alta do Imip nesta sexta-feira
Marina Mahmood/Folha de Pernambuco
"Eu não sou ruim. Queria que ela tivesse um lar, alguém que cuidasse melhor do que eu", admitiu Cilene
“Saiu muito sangue. Então limpei o banheiro e deixei minha filha dentro de uma caixa, na área de serviço”, descreveu Cilene. Ela explica que no começo não queria ficar com a criança, mas também não tinha intenção de abandoná-la no apartamento onde trabalhava. “Eu não sei nem explicar o que aconteceu. Eu teria o bebê em uma maternidade e colocaria para doação”, conta a mãe, que não havia comunicado a ninguém sobre a gravidez. Durante os nove meses escondeu a situação dos patrões e da família.
Cilene garantiu que deseja cuidar da menina, a quem chamou de Keila Vitória. Ela tem outro filho, de 11 anos, que vive com ela, no bairro de Beberibe, na Zona Norte da Capital. “O ser humano é passível de erro. O nosso objetivo é garantir o retorno da criança para a família”, explica o conselheiro tutelar Fernando Dias, responsável pelo caso. “Nós vamos acompanhar todo o desenrolar junto ao poder judiciário que pode determinar um acolhimento institucional para fazer um retorno da criança para a família com mais segurança e, assim, não permitir que ela possa ser vítima mais uma vez da genitora”, completa.
De acordo com Fernando Dias, a recém-nascida passa bem e deve ter alta do Imip nesta sexta-feira. Ela deve ser levada para um abrigo até o desfecho desta história. “Eu particularmente não identifico que a mãe vai colocar a criança em risco”, afirma o conselheiro. Atualmente, Cilene ainda não tem autorização para ficar sozinha com a filha e lamenta o fato. “Eu não sou ruim. Queria que ela tivesse um lar, alguém que cuidasse melhor do que eu”, admitiu. A doméstica está internada e sem previsão de alta por apresentar problemas de pressão. Ela responde em liberdade a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), por abandono de incapaz. Se condenada, a pena pode ser de seis meses a dois anos de detenção.
PATERNIDADE - O pai da recém-nascida, mora atualmente em Santa Catarina e não sabendo da gravidez de Cilene. O Conselho Tutelar tentou entrar em contato com ele para descobrir se havia o desejo de ficar com a menina, porém não conseguiu encontrá-lo. Cilene não pretende contar a ele a situação e deseja voltar a trabalhar logo após a licença maternidade chegar ao fim.
Entrevista/Cilene Santos - Empregada Doméstica
Após cinco dias do nascimento, Cilene Santos está internada porque sofre de pressão alta. Ela prefere que o pai do bebê não saiba do nascimento dele. Ela irá criar a menina sozinha.
O que fez você mudar de ideia em relação à criança?
Eu quero ficar porque sou a mãe dela e me arrependi. Não tem uma explicação, eu quero porque é minha filha.
Eu quero ficar porque sou a mãe dela e me arrependi. Não tem uma explicação, eu quero porque é minha filha.
Seu outro filho já sabe o que aconteceu?
Ele não sabe dessa situação, mas sabe que ganhou uma irmãzinha. Eu não deixei ele assistir televisão para não tumultuar a cabeça dele. Sou eu quem vai contar para ele.
Ele não sabe dessa situação, mas sabe que ganhou uma irmãzinha. Eu não deixei ele assistir televisão para não tumultuar a cabeça dele. Sou eu quem vai contar para ele.
Por que você escolheu o nome Keila Vitória?
Eu sempre quis o nome Keila. Vitória porque ela é uma vitoriosa. Que passou por estas coisas todas e está aí.
Eu sempre quis o nome Keila. Vitória porque ela é uma vitoriosa. Que passou por estas coisas todas e está aí.
Você não quer que o pai saiba do nascimento da filha?
Ele não tem muita iniciativa e não vale a pena ter um contato para sempre.
Ele não tem muita iniciativa e não vale a pena ter um contato para sempre.
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