PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

23 março 2015

Congresso fará do tigre um gatinho

Carlos Chagas
Arrisca-se a presidente Dilma a novo escorregão: anuncia que só cuidará da reforma do ministério, mesmo pontual, depois de o Congresso aprovar o ajuste fiscal. O problema é que da forma como as medidas provisórias foram encaminhadas, elas não passam. Nem o PT concorda com a redução do salário-desemprego e as limitações para as viúvas receberem pensões. As centrais sindicais, inclusive a CUT, são contra. O empresariado, com vasta influência  sobre deputados e senadores, já  atua para impedir o fim da desoneração das folhas de pagamento. O aumento  de impostos será barrado por inconstitucional, se insistirem na sua aplicação para o  ano em curso. E assim por diante. 
Está o Congresso preparado para transformar o tigre num gatinho. O próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sabe disso, tanto que desmentiu a hipótese de pedir demissão caso suas propostas venham  a ser rejeitadas. Continua trabalhando,  até  visita  o presidente da Câmara toda semana, mas suas esperanças diminuem. 
Além da reação específica  a cada uma das maldades  desejadas pela equipe econômica, registra-se a união dos  trabalhadores com  a classe média contra o  modelo adotado por Dilma, de seguir a receita  aviada na Europa pelos países ricos para debelar a crise nos países pobres. Afinal, cortes nos investimentos sociais, demissões crescentes, endividamento e  elevação de impostos penalizam os mesmos de sempre. 
A presidente Dilma ainda teria condições de obter a aprovação de uma parte das medidas do ajuste caso contrabalançasse os sacrifícios exigidos dos assalariados,  dividindo-os com as elites. O imposto sobre grandes fortunas e sobre as heranças, por exemplo. E a limitação do lucro dos bancos e   das remessas de lucro das multinacionais para o exterior, assim como  a  taxação de terras improdutivas. Como dessas iniciativas não se ouve falar no palácio do Planalto, a conclusão  surge óbvia: o governo será derrotado em suas pretensões. 

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