Acuado em meio às investigações deflagradas, semana passada, pela Polícia Federal, que o colocam no centro da elaboração da fundamentação jurídica para validar a tentativa de golpe, em 8 de janeiro do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) optou por ir ao ataque. Convocou, para o próximo dia 25, às 15h, a sua legião de apoiadores fiéis, sob o argumento de que irá se defender das acusações contra sua pessoa.
Como nada que faz é aleatório, o que o ex-mandatário quer, na verdade, é além de testar a sua popularidade, que anda desgastada desde as provas irrefutáveis de sua participação na tentativa de Golpe de Estado, despertar uma revolta generalizada dos seus apoiadores, que tendem a não poupar esforços em defesa de seu “mito”.
Para quem duvida da estratégia de Bolsonaro, ela já começou a dar resultados desde os primeiros minutos após a convocação, por vídeo, em sua rede, na última segunda-feira. No Telegram, maior reduto do bolsonarismo, por exemplo, já começa a chover indícios do que pode vir pela frente.
“O presidente Bolsonaro está dando um recado: estamos a 11 dias do maior evento de democracia e resgate aos movimentos patrióticos como os 70 dias nos quartéis. Eu estava lá e vocês?”, dizia uma mensagem enviada, na terça, que circulou em 16 dos grupos monitorados pelo Laboratório de Humanidades Digitais (LAB-HD) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com apoio do InternetLab. Em outra, os seguintes dizeres: “Acho que mexeram com o formigueiro. O povo vai se levantar e não vai aceitar botar o capitão na cadeia por vaidade”.
Longe, claro, de o dia 25 de fevereiro culminar em algo similar ao que aconteceu em 8 de janeiro, o ato não pode ser ignorado pelas forças de segurança pública nacional. É preciso ficar vigilante para que esse não seja o início de um novo movimento de caráter antidemocrático.
Por Juliana Albuquerque
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