
A ex-vereadora de Ipubi e ex-diretora da União dos Vereadores de Pernambuco (UVB), Ana Abrantes, denunciou, ontem (10), possíveis fraudes no uso das cotas de gênero em candidaturas políticas no Estado. O caso teve início em Ipubi, no Sertão do Araripe, onde uma candidata do Partido Progressistas (PP) teria concorrido ao cargo de vereadora nas eleições de 2024 sem realizar campanha, divulgar propostas ou aparecer em atividades públicas. A suspeita levou à abertura de um processo judicial por abuso de poder econômico e irregularidades na aplicação das cotas femininas.
Segundo Ana, a prática tem se repetido em diversas regiões, distorcendo o propósito da legislação eleitoral que busca garantir a representatividade feminina. “Infelizmente, muitas mulheres são colocadas nas chapas apenas para cumprir a cota. Elas acabam sendo usadas como massa de manobra, sem guia eleitoral, sem propostas e, muitas vezes, sem nem aparecer nas redes sociais”, afirmou. O advogado Geraldo Alencar, que acompanha o caso, destacou que 17 pontos já foram reconhecidos como indícios de fraude e abuso de poder. O julgamento, atualmente em andamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE), será retomado na próxima quarta-feira, com cinco votos pendentes.
Ana também citou supostas irregularidades envolvendo o PP em Petrolina, onde, segundo ela, houve alteração de votações já decididas. A ex-vereadora defende uma fiscalização mais rigorosa por parte da Justiça Eleitoral e do Ministério Público, além de medidas que assegurem uma participação feminina efetiva. “As cotas de gênero são um avanço, mas quando usadas de forma indevida, tornam-se um retrocesso. A política precisa de mulheres atuantes, e não de nomes lançados apenas para preencher números”, concluiu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário