Um episódio recente envolvendo a disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados vem sendo lembrado no processo de definição do sucessor de Arthur Lira (PP-AL). O destino de Rodrigo Maia, que acabou saindo da política dois anos após deixar o comando de uma das cadeiras mais importantes da República, é tratado por aliados de Lira como um desfecho provocado por uma sucessão de erros do deputado fluminense.
Na avaliação de pessoas próximas a Arthur Lira, um dos principais equívocos de Maia, que presidiu a Câmara de julho de 2016 a fevereiro de 2021, foi anunciar apenas no fim de dezembro, faltando pouco mais de um mês para a disputa, o nome que ele apoiaria para sucedê-lo. À época tido como um dos mais influentes políticos do país, Rodrigo Maia tentava o aval do Supremo Tribunal Federal para concorrer mais uma vez, o que justificou a demora na decisão. Diante da negativa da Suprema Corte, ele então anunciou a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP).
O histórico vem sendo lembrado para justificar a articulação de Arthur Lira para lançar, já em agosto deste ano, o nome do deputado que ganhará o seu apoio para concorrer à eleição ao comando da Câmara, que acontecerá em fevereiro de 2025. O objetivo é que os congressistas já tenham a definição antes de voltar às suas bases, onde devem ficar focados na eleição municipal deste ano.
Além disso, o esforço visa trabalhar para consolidar o candidato, ampliar o arco de alianças e recompor eventuais insatisfações de nomes que esperavam ser escolhidos e ficaram pelo caminho.
Atualmente, são três os principais candidatos: Elmar Nascimento (União-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Antônio Brito (PSD-BA). Além deles, como mostra reportagem de VEJA, os deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) e Doutor Luizinho (PP-RJ), fiéis aliados de Lira, estão numa espécie de banco de reservas caso os outros postulantes não se consolidem.
Definição para o futuro
Arthur Lira vislumbra eleger um sucessor sobre o qual mantém proximidade e influência para, de tabela, continuar poderoso quando descer à planície da Câmara. Ele vislumbra, em 2026, alçar um voo mais alto em sua carreira e disputar uma cadeira ao Senado. Para a Câmara, ele trabalha para eleger um de seus filhos.
O caso de Rodrigo Maia também é lembrado quando se trata do futuro de Arthur Lira. Enquanto presidente da Câmara, Maia era um dos principais organizadores de uma candidatura de centro para 2022 e o nome dele chegou inclusive a ser ventilado para disputar a Presidência da República.
O destino foi bem diferente. Sem a chave da Câmara, Rodrigo Maia voltou a ser um deputado comum, rompeu com o DEM, seu partido à época, tirou licença para assumir uma secretaria no governo de São Paulo e, sem a garantia de um bom resultado para uma disputa fora da Câmara, acabou sem sequer disputar a eleição em 2022, ficando sem mandato. Hoje, ele é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras.
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