Josias de Souza
Pela terceira vez, o Conselho de Ética da Câmara se reúne para decidir se o pedido de cassação do mandato de Eduardo Cunha deve prosseguir ou ser engavetado. A única salvação de Cunha hoje é a desmoralização da instituição legislativa. A esse ponto chegaram os deputados: se quiserem salvar o mandato de Cunha, uma Câmara inteira terá de cair. Só a desmoralização da Câmara salva seu presidente. Fiel da balança, o PT hesita.
O Datafolha demonstrou que, do lado de fora, o brasileiro cordial é um ser em extinção. Há uma fome de limpeza no ar: 81% dos patrícios querem ver o presidente da Câmara cassado. Repetindo: oito em cada dez brasileiros sonham com um Cunha sem mandato, ao alcance de uma ordem de prisão do juiz Sérgio Moro. O país está com um convulsivo apetite de punição.
Na semana passada, a tradição da política brasileira para o nanismo foi rompida no Senado — por 59 votos a 13, os senadores avalizaram a ordem de prisão expedida pelo STF contra o líder do governo Delcídio Amaral. Fizeram isso contra a vontade do investigado Renan Calheiros e contra a bancada do PT, que deu nove votos pelo relaxamento da cana.
Agora, os 21 deputados do Conselho de Ética precisam informar ao país quem são. Se votarem ‘sim’, pela admissibilidade do processo contra Cunha, estarão oferecendo a si mesmos uma oportunidade para elevar a própria estatura. Se prevalecer o ‘não’, os deputados estarão fazendo uma opção por rebaixar o pé direito da edificação de Niemeyer.
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