PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

28 dezembro 2015

A vida como ela é

Carlos Brickmann
Como virou moda dizer, pedalada fiscal todo mundo já deu. Pode ser verdade; e explica boa parte dos problemas do país. Quando o orçamento é driblado, o país se torna dependente de acontecimentos continuamente favoráveis. Uma falha - a queda do preço do petróleo, a redução no preço do minério de ferro, um novo foco de roubalheira na área estatal - e a bicicleta tomba, ferindo os cidadãos.

Final da história: raspando o fundo dos cofres públicos, o Rio conseguiu R$ 297 milhões, que segundo o governador Pezão serão suficientes até o dia 15 de janeiro. E daí em diante? O Governo Federal criou um comitê de crise. 

Pelo jeito, é melhor não ficar doente, nem dar à luz, a partir de 15 de janeiro. Pois ataduras, lençóis, leitos, remédios, equipamentos básicos continuam faltando.

Como na clássica marchinha "Cachaça" ("você pensa que cachaça é água"), de Marinósio Trigueiros Filho e Mirabeau, podem faltar arroz, feijão e pão, mas não pode faltar "a danada da cachaça". No Rio, mostra o jornalista Cláudio Tognolli, cirúrgico ao apontar o problema, as grávidas estão alojadas no chão do corredor do hospital, não há como atender novos pacientes, nem comprar remédios básicos. 

Mas em setembro o Governo fluminense dobrou a verba para o desfile das escolas de samba no Carnaval de 2016. Além do patrocínio de ditadores africanos a quem os homenageia, há também o dobro de dinheiro público - dinheiro de quem gosta ou não de Carnaval. Que, para ir à avenida, ainda paga o ingresso. 

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