PREFEITURA DE TRINDADE

SARGENTO EDYMAR

15 outubro 2015

No Dia dos Professores, número de docentes afastados por agressões sofridas em sala assusta

No Estado, problemas em salas de aulas representam 36% das solicitações de afastamento
O Dia dos Professores, celebrado nesta quinta-feira (15), era para ser comemorativo. Mas os números não são favoráveis. Agressões que adoecem e afastam professores das salas de aula são recorrentes. Com 12,5%, o País tem a maior média de educadores agredidos ou ameaçados pelos alunos do Mundo, segundo pesquisa realizada no ano passado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No Estado, um estudo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Pernambuco (Sintepe) com 981 docentes aponta que 24% deles (235) pediram licença nos últimos dois anos. Os problemas em sala de aula - agressões de estudantes ou dos pais - respondem por 36% dos pedidos de afastamento. Na rede pública do Recife foram dez registros em 2014.

O presidente do Sintepe, Fernando Melo, acredita que há uma desestruturação familiar crescente no Estado, o que acarreta sérias consequências nas escolas públicas. “Se o adolescente desrespeita os pais dentro de casa, dificilmente ele respeitará o professor”, disse. Na maioria das vezes, ressaltou, quando um professor é violentado fisicamente por um aluno, prefere ficar no anonimato.
Em alguns casos, observou Melo, até se afasta da escola. O trauma e o constrangimento são mais fortes do que a vontade de denunciar a agressão aos órgãos competentes. A coragem de delatar é ofuscada, o que dá lugar à depressão e a outras doenças psicossomáticas. Mas não foi o que aconteceu com a professora Shirley Stefânia, 32 anos, que não se calou em relação à agressão feita por um aluno de 14 anos. 
“Era uma brincadeira em sala de aula. E ele perdeu. Quando vi que estava alterado, me aproximei para conversar. Para orientar que é importante saber ganhar e perder. Foi o suficiente para ele me agredir”, lembrou a professora. Ela não se intimidou. Acionou o Conselho Tutelar para realizar um acompanhamento psicológico com o aluno. “Ele melhorou o comportamento. Mas acredito que se tivesse me calado só teria piorado. É importante tomar uma atitude, não aceitar as agressões”, defendeu. 
A professora Jaqueline Vasconcelos, 50 anos, que ensinou por dez anos em duas escolas estaduais, contou que as ameaças foram muitas. Em uma delas, o aluno garantiu que ia incendiar seu carro. “A maioria dos alunos não quer estudar. Quando exigimos disciplina e comportamento, é sinal verde para as agressões”, disse. Para a educadora, é inapropriado ter medo. “Quando eles me agrediam verbalmente e diziam que iam me matar, fingia que não era comigo. Não comprovava o receio. E é o que eles querem”, disse.
Ela lamentou a falta de apoio da instituição escolar. “Não adiantava denunciar. Só quem tem razão é o aluno. O professor sempre está errado”. Questionada se queria voltar ao ambiente escolar, a resposta foi breve: “De jeito nenhum”. A Secretaria de Educação e Esportes do Estado informou, em nota, que situações que envolvem professor e estudante são tratadas no âmbito escolar e ficam sob a responsabilidade da direção e corpo docente da unidade de ensino.
Segundo a pasta, o professor tem à sua disposição o Núcleo de Atenção ao Servidor (NAS) da Secretaria de Educação do Estado (SEE). O NAS é responsável por ações de prevenção de agravos e promoção da saúde dos professores e demais trabalhadores da Educação. Atualmente existem 18 núcleos do NAS.

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