Rede criminosa foi responsável pelo roubo de 300 carros em cinco meses.
Criminosos extorquiam e até torturavam as vítimas, diz Polícia Civil.
Fotos postadas por um suspeito em uma rede social ajudaram a Polícia Civil do Rio Grande do Sul a desarticular uma rede de 15 quadrilhas especializadas em roubos, furtos, clonagem e desmanche de veículos que atuavam na Região Metropolitana de Porto Alegre. A investigação durou cinco meses, como mostra a reportagem do Teledomingo (veja o vídeo).
Na sexta-feira (7), 33 pessoas foram presas durante a chamada Operação Predador deflagrada pela Polícia Civil e que resultou em 58 prisões no total. As quadrilhas são apontadas como responsáveis pelo roubo de pelo menos 300 veículos nos últimos cinco meses no estado. Os criminosos eram violentos e algumas vezes extorquiam e até torturavam as vítimas.
Imagens divulgadas pela polícia mostram o momento exato que um suspeito é preso pelos policiais da 2ª Delegacia de Roubos de Veículos de São Leopoldo, no Vale do Sinos. Era a última peça que faltava para a polícia desmembrar a quadrilha que atuava em pelo menos 14 municípios.
A polícia conseguiu desvendar como funcionava a associação criminosa com a ajuda de uma câmera de monitoramento, que registrou um dos assaltos no dia 17 de agosto, no centro de São Leopoldo. As imagens mostram dois jovens se aproximando de um carro estacionado na rua. Outros dois passam, mas retornam. É um assalto.
Nas imagens da câmera de segurança é possível ver que um dos assaltantes está armado. Em segundos, carteiras, correntes, celulares, bonés e os tênis das vítimas são roubados. Tudo é colocado no carro, alvo da dupla, que também é levado pelos assaltantes.
Na mesma época do assalto, um jovem postou uma foto dele fazendo pose em uma rede social. Os detalhes mostram que o mesmo boné e o mesmo casaco aparecem nas câmeras de segurança no momento do roubo do carro no centro de São Leopoldo.
O nome dele é Leomarvin Menezes, 18 anos, o homem que aparece sendo preso no vídeo divulgado pela polícia. Segundo a investigação, ele é um puxador: roubava carros nas ruas e alimentava um esquema de crimes que atuava em várias cidades de forma organizada.
“A gente observou que este grupo criminoso, eles tinham o seguinte método, que não é novo, mas que eles usaram de uma forma bem produtiva para o crime. Por exemplo, eles roubavam os veículos em Novo Hamburgo e não colocavam o veículo para ser clonado ou para ser desmanchado naquele município. Eles colocavam em outro município, ou Porto Alegre ou São Leopoldo, e assim por diante”, explica o delegado Mário Souza.
Cada quadrilha tinha uma função na associação criminosa. Uma roubava carros a mão armada nas ruas, os puxadores. Outra furtava, usando equipamentos e ferramentas. Um terceiro grupo clonava os veículos e um outro desmanchava em oficinas clandestinas. Os carros clonados eram vendidos ou emprestados para outras quadrilhas usarem durante assaltos.
Carros eram desovados em 'cemitério'
Mas quando tudo dava errado, os carros acabavam em cemitérios de veículos como o encontrado no Morro do Paula, uma região de mata e de difícil acesso entre os municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Gravataí. No local, vários carros foram desovados, desmanchados e queimados.
Mas quando tudo dava errado, os carros acabavam em cemitérios de veículos como o encontrado no Morro do Paula, uma região de mata e de difícil acesso entre os municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Gravataí. No local, vários carros foram desovados, desmanchados e queimados.
Um dos veículos encontrados pela polícia no cemitério pertencia a um homem que prefere não ser identificado. Ele e um amigo que estavam no carro no momento do roubo chegaram a ser torturados pelos criminosos.
“Eles pararam o carro a bala. Ele deu um tiro no radiador do carro e fez eu ligar assim mesmo. Não sei como ligou, mas ligou. Quando ele entrou dentro do carro ele deu um tiro, que passou nas minhas costas. Aí ele disse: ‘Dirige e não olha para trás’”, lembra a vítima, que foi aterrorizada pelo criminoso. "Os choques ele só nao encostou em mim, ele não apertava o botão para dar choque, mas toda hora ele empurrava com a arma. Só me dizia: 'Se tu mexer, se olhar para trás, eu te dou um choque'", conta.
Outros integrantes da quadrilha, também presos nesta semana, seriam responsáveis por extorquir as vítimas. Esta parte do esquema funcionaria assim: depois de roubar os carros, normalmente de modelos mais simples e muitas vezes que não tinham seguro, os ladrões ligavam para as vítimas e exigiam valores em dinheiro para devolver o veículo.
“Eles focavam em veículos de valor menor de mercado e de pessoas com menores condições financeiras, mais humildes. Então, eles buscavam fazer o furto desse veículo e depois solicitavam um valor para, em tese, devolver o veículo. Em tese porque na grande maioria dos casos eles não devolvem o veículo, eles causam uma outra violência ao patrimônio da pessoa”, acrescenta o delegado.
Uma interceptação telefônica da polícia gravou o momento em que o criminoso negocia a devolução de um veículo. O que o criminoso não sabia é que o veículo já havia sido recuperado e estava em um depósito. E que na verdade estava falando com um policial. Provas como esta agora estão incluídas no processo da investigação, que pode ter trazido um pouco mais de segurança às ruas da Região Metropolitana.
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