Em tempos de apreciação, no Congresso, do projeto que restringe ou pode até resultar na proibição do cigarro eletrônico no Brasil, entidades diversas de saúde têm feito alertas sobre os riscos do tabagismo para o câncer de pulmão no país e no mundo, sobretudo neste mês – considerado anualmente como mês de combate ao tabagismo
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), que divulga dados sobre esse tipo de câncer no período, trata-se do segundo tipo mais comum entre homens e o quarto entre mulheres no Brasil, sendo também o que mais causa mortes entre ambos os sexos. Os dados reforçam a importância do Agosto Branco, que consiste num esforço feito por profissionais de saúde e entidades diversas para conscientização e prevenção desta doença silenciosa.
Um deles, a cirurgiã torácica Tânia Mara Derossi, alerta que além do cigarro tradicional, o eletrônico também representa risco significativo para a doença. Ela destaca também outros fatores de risco, como histórico familiar de câncer de pulmão, doenças pulmonares como enfisema e tuberculose, e a exposição a substâncias químicas como amianto, asbesto, arsênico, berílio, cádmio, radônio e cloreto de vinila.
Thirdhand Smoke (THS)
Segundo Tânia Mara, que é cooperada da Unimed de Goiânia, um fator de risco menos conhecido e que deve servir de alerta para todos é a exposição à poluição e à fuligem, assim como o chamado “tabagismo passivo”.
Recentemente, relatou a médica, foi identificada uma nova forma de exposição passiva, conhecida como Thirdhand Smoke (THS), na qual a nicotina residual e outros produtos químicos do tabaco permanecem em superfícies internas, como nas paredes e nos móveis, podendo reagir com poluentes comuns em ambientes fechados e criar uma mistura tóxica. “Para essa exposição, é importante ter muito cuidado com as crianças, que são as mais afetadas”, acrescentou.
O câncer de pulmão geralmente é assintomático em seus estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce. “Os sintomas mais frequentes incluem tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão, falta de ar, perda de peso e apetite, pneumonia recorrente e cansaço. É crucial estar atento ao surgimento de novos sintomas ou à modificação dos preexistentes. O rastreamento precoce em pacientes de alto risco, como fumantes com alta carga tabágica e ex-fumantes, é essencial para a detecção antecipada da doença “, enfatizou a profissional.
Prevenção e tratamento
A pneumologista Karla Curado, também cooperada da Unimed Goiânia, foi outra a destacar que para prevenir o câncer de pulmão, é preciso adotar hábitos simples. As principais recomendações são tabagismo, alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e realizar rastreamentos periódicos em pacientes de alto risco. O tratamento varia conforme o estágio da doença e pode incluir ressecção cirúrgica, radioterapia, quimioterapia e, mais recentemente, imunoterapia, que tem revolucionado o tratamento dos casos avançados.
“O tabagismo aumenta em 40 vezes a chance de desenvolver a doença. A fumaça do cigarro contém mais de 5 mil substâncias químicas, das quais pelo menos 50 são potencialmente cancerígenas”, alerta Karla, ao lembrar que a mensagem de conscientização do Agosto Branco é clara: o câncer de pulmão é uma doença evitável, sendo que 85% a 90% dos casos estão associados ao tabaco. “Parar de fumar é o primeiro passo, e o apoio profissional é essencial para o sucesso nesse processo. Sua saúde é prioridade. Converse com seu médico e busque ajuda para cessar o tabagismo”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário