A governadora Raquel Lyra (PSDB) não tem um mínimo de sapiência política na relação Executivo x Legislativo. Ainda hoje, quase dois anos após a sua saída da Prefeitura de Caruaru, os vereadores continuam traumatizados com o tratamento dado por ela numa determinada reunião, quando obrigou o recolhimento dos celulares até dos parlamentares da base, num gesto de desconfiança.
Estava na cara que esse modelo não daria certo na relação parlamentar num plano bem superior – à Assembleia Legislativa – agora na condição de governadora. Na semana passada, a tucana levou uma acachapante derrota, de 30 votos a 10, na votação em plenário pela rejeição aos vetos impostos às emendas incluídas na LDO – Lei das Diretrizes Orçamentárias. Sua base, conhecida pelo G-10 (dez parlamentares apenas), é desmoralizante para quem precisa de, no mínimo, 25 votos para aprovar matérias de interesse do Governo.
Politicamente, Raquel é tão desastrosa e mal assessorada que no dia seguinte à derrota foi se banquetear com o G-10 no Palácio, numa afronta ao Legislativo. Não entendeu – ou se fez de mal-entendida – que os 30 votos não foram para desmoralizar o seu Governo, mas para manter vivo o Poder Legislativo. Se os deputados tivessem mantido os vetos do Executivo teriam ferido de morte a soberania de um poder, já frágil por natureza.
O banquete foi também um desrespeito à Mesa Diretora, que não atuou contra o Governo, mas para preservar o poder dos deputados, já que os vetos tratavam de emendas parlamentares, em sua grande maioria. Ao invés de recrutar o G-10 para os comes e bebes palacianos, a governadora, num gesto de humildade e sabedoria, teria chamado para uma conversa o presidente da Assembleia, Álvaro Porto, que é do seu partido.
E que, diga-se de passagem, é a liderança mais forte da Casa, com uma marca já presente no imaginário popular – a instituição de um Legislativo altivo e independente. Raquel ainda não entendeu um preceito básico da política: Nada é tão mau que não tenha um lado bom ou tão bom que não tenha um algo mau.
Desenvolver a habilidade de entender o que de fato motiva as pessoas e saber lidar de maneira adequada com essa compreensão, é a lição mais importante que o príncipe pode aprender no jogo do poder.
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