PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

23 fevereiro 2015

Especialistas e autoridades alertam para riscos causados por drones


Uma das inovações no carnaval carioca, este ano, foi o uso de drones no desfile da Portela. Drone é o nome que se dá a qualquer tipo de veículo aéreo não tripulado. Normalmente, essa engenhoca fica voando e filmando tudo lá do alto. De uns tempos para cá, virou febre, invadindo desde casamentos até presídios. Mas as autoridades agora querem botar ordem nessa moda arriscada.
Eles chegam aonde a gente não poderia chegar. Podem substituir a gente em algumas tarefas. Mas também causam problemas e ameaçam quem vive nos ares.

"América 190. Cuidado. Um drone foi visto perto da rota 27-direita”, diz um piloto em conversa com a torre.

Os drones estão por toda parte. No carnaval do Rio de Janeiro, a Portela levou para a avenida cerca de 400 drones, a maioria enfeitada como águia - o símbolo da escola.

Nos Estados Unidos, esse mercado cresce sem parar. A gente já encontra drones para vender em prateleira de loja. Em uma das maiores de Nova York tinha, no máximo, meia dúzia de modelos quando o local começou a vendê-los, menos de dois anos atrás. Hoje já são mais de 30.

Ideias para o uso do drone não param de aparecer. Ainda mais quando ele tem uma camerazinha a bordo. Pode até levar o cachorro para passear.

Serve para mapeamento de plantações, inspeção de torres e antenas. Vídeos para vender mansões, cenas de cinema e reportagens. Uma simulação mostra como um drone pode ajudar a polícia num acidente com vazamento de produto perigoso.
Mas até onde se pode chegar com esses equipamentos? Esta semana, a agência americana que administra a aviação criou regras para o uso comercial de drones. Eles só podem voar de dia. Existe limite de peso, altitude e velocidade. O piloto não pode perder o equipamento de vista, nem sobrevoar pessoas. E ele precisa fazer um teste, registrar o drone e pagar uma taxa.

Os voos recreativos são permitidos, com restrição de altitude. Há menos de um mês, um desses aviõezinhos caiu no jardim da Casa Branca. O piloto admitiu que estava bêbado e perdeu o controle.

No Brasil, essas engenhocas já estão dando dor de cabeça. No ano passado em São Paulo, a polícia apreendeu um drone que tentava entregar celulares dentro de um presídio. Neste carnaval, no Recife, um drone atingiu o Galo da Madrugada, símbolo do maior bloco de rua do país.

E a performance aérea da Portela acabou chamando a atenção da Agência Nacional de Aviação Civil. A Anac abriu uma investigação porque a escola não tinha autorização para operar os drones.

“A Portela contratou uma firma com brinquedos por controle remoto. O que não existe é uma legalização, ninguém sabe, o que que é drone, o que pode, o que que não pode”, afirma Luiz Carlos Bruno, diretor de carnaval da Portela.
E na noite de sábado (21), a Portela voltou a usar os drones no Desfile das Campeãs do carnaval do Rio.

Segundo a Anac, voos com drones no Brasil estão permitidos apenas para esporte ou lazer. E sempre longe do público. Para qualquer outro tipo de uso, como o da Portela, por exemplo, é preciso que a Agência conceda uma autorização especial.

O país ainda não tem uma legislação específica para os drones e a proposta de regulamentação está em fase de conclusão para ser submetida à consulta popular.

“Hoje os drones podem ser usados tanto para recreação como para uso profissional. Por não existir uma certificação específica, as pessoas estão voando. Isso já é uma realidade. Esses equipamentos possuem sempre umas hélices expostas em alta rotação. Essas hélices, entrando em contato com alguma pessoa, com algum objeto, podem causar danos”, explica Ricardo Cohen, vice-presidente da Associação Brasileira de Multirrotores. 

Uma das pessoas que espera a regulamentação é o Rodrigo Ricetti, de São Carlos, interior de São Paulo. Ele tem uma rede de padarias e queria usar drones para fazer entregas.

“Para os clientes também é muito bom porque a comodidade vai chegar o pãozinho voando em casa, ali no quintal”, diz o empresário.

Nos Estados Unidos, já existem até cursos para voar com drones. O treinamento dura 18 horas. O instrutor Brian Pitre alerta: "Os drones também podem ser perigosos. Por isso, é fundamental aprender o jeito certo de usar".
Nota correção: Na reportagem exibida na TV e na internet, o presidente da maior associação internacional de drones, Brian Wynne, foi identificado incorretamente. A reportagem sem o erro foi publicada na internet às 23:10, do dia 22 de fevereiro 2015

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