Areia na ampulheta da prisão do petista já escorre, restando a ele cair atirando
Igor Gielow – Folha de S.Paulo
O chão está se tornando artigo escasso sob os pés de Luiz Inácio Lula da Silva. As indicações vindas do Judiciário apontam para não só a inelegibilidade do petista no pleito de outubro, mas também para sua prisão.
O mais recente tiro na esperança de evitar a detenção do ex-presidente veio justamente do porto em que sua defesa depositava maiores expectativas: o Supremo Tribunal Federal. O voto do ministro Alexandre de Moraes concordando com o entendimento de que a prisão pode ser decretada a partir da condenação em segunda instância praticamente encerra o assunto neste momento.
Com o acórdão da condenação do caso do tríplex publicado pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, a areia começa a escorrer na ampulheta de Lula. Ainda que partidários tenham alegado questões organizacionais para adiar o lançamento de sua candidatura, que ocorreria nesta quarta (7) em Belo Horizonte, o fato é que aqui e ali são audíveis fissuras no edifício petista.
O que sobra a Lula? Até aqui, especulou-se que ele seria ator central do pleito, estando na urna ou não. Isso já foi sustentado neste espaço, mas o desenvolvimento do cenário parece turvar um pouco essa leitura.
Se estiver preso e não puder gravar propaganda e subir em palanques, a mística do candidato do Lula tende a se esvaziar, como de resto o Datafolha já indicou. Além disso, a estridência que marca sua campanha contra o Judiciário desde que ficou claro ao ex-presidente que seria condenado novamente pode funcionar pontualmente, mas tem prazo de validade como tática.
Como nada relevante aconteceu em termos de mobilização popular desde a decisão do TRF-4, cabe aqui observar o silêncio obsequioso de lideranças petistas que não sejam os peripatéticos senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias. Claro, todos dirão comedidamente que "foi golpe", que "é fraude" e tal, mas a realidade assomou ao cenário: o PT periga adernar com seu líder.
Por outro lado, cair atirando é o que resta ao ex-presidente, e é presumível que ele não vá adentrar a escuridão em silêncio. O fato de a Justiça estar sob holofote negativo, com as indefensáveis argumentações em favor de auxílio-moradia e outras mamatas atávicas do nosso patrimonialismo, pode até dar uma ressonância adicional ao discurso. Mas não parece que vai mudar o resultado final.
A bancada de apoio a Temer, aquela que ganhou cargos e ministérios, tem 346 deputados. A reforma da Previdência precisa de 308, mas ninguém tem certeza da aprovação. Talvez haja quem queira algo mais para votar.
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