Josias de Souza
Além da amoralidade, duas características marcam a administração de Michel Temer. O governo habituou-se a fazer por pressão o que não fez por precaução, eis uma marca. Quando a coisa degringola, o Planalto costuma receitar algumas gota$ de BNDES, eis outro traço da gestão Temer.
Dois dias depois do incêndio que consumiu a história que estava depositada no Museu Nacional, Temer reuniu ministros e autoridades para discutir um assunto que desprezava: a conservação de acervos com valor cultural e científico. Para evitar novos casos de historicídio, Temer recorreu ao seu elixir paregórico predileto: o BNDES.
Informou-se que, até final de setembro, o bancão oficial colocará na praça uma oferta de R$ 25 milhões para o patrocínio de projetos de segurança e prevenção contra incêndios em museus e instituições que lidam com patrimônio histórico. A coisa é escorada na Lei Rouanet. Depende, portanto, da boa vontade e do interesse empresarial.
Há no Brasil pouco mais de 3.100 museus. A maioria (67%) é pública. As instituições mais antigas estão caindo aos pedaços. Os R$ 25 milhões prometidos talvez não dêem para o gasto. O governo colocou a cifra sobre a mesa sem dispor nem mesmo de um plano escrito em cima da perna. De resto, um governo em fim de linha, a apenas quatro meses do encerramento, não oferece nenhuma garantia de que o verbo vai mesmo virar verba.
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