Josias de Souza
Morrer é um exercício que, às vezes, exige vocação. A candidatura de Jair Bolsonaro, por exemplo, revela-se vocacionada para o suicídio. A cada novo gesto, o candidato parece enviar uma coroa de flores para si mesmo. Ao escolher o general Mourão como vice de sua chapa, Bolsonaro jogou sobre o seu projeto político algo muito parecido com uma pá de cal.
No poder, o melhor vice presidente é a ociosidade. Na campanha, o candidato a vice mais conveniente é aquele que agrega valor à chapa. Há uma célebre canção cuja letra ensina que ''a vida é arte, errar faz parte''. Mas Bolsonaro cultiva uma arrogância destruidora. Quanto mais erra, mais o candidato persiste no erro.
Bolsonaro escalou as pesquisas trombeteando uma agenda em que homossexuais índios e quilombolas são equiparados a marginais e vagabundos. Parou de subir. Mourão, seu vice, atribuiu os males do Brasil à herança ibérica, à “indolência” dos índios e à “malandragem” dos africanos. Num país 100% feito de miscigenação, o general conseguiu ofender todo mundo. Tomado pela aparência, o vice de Bolsonaro é um racista sui generis, do tipo que não mandou examinar sua árvore genealógica.
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