Mônica Moura informou que recebeu US$ 4,5 milhões em uma conta off shore no país
O publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, confirmaram hoje (21), em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, que receberam pagamento no exterior referente a uma dívida de campanha do PT nas eleições de 2010. As oitivas foram realizadas na ação penal em que os investigados respondem na Operação Lava Jato. Ambos estão presos desde fevereiro em Curitiba. As informações são da Agência Brasil.
Durante o depoimento, Mônica Moura, que era responsável pela parte financeira da empresa de marketing do casal, informou que recebeu US$ 4,5 milhões em uma conta off shore na Suíça, controlada pelo empresário Zwi Skornick, acusado de operar os pagamentos ilegais, segundo investigadores da Lava Jato.
Conforme Mônica, o repasse era referente a uma dívida por serviços prestados ao PT durante a campanha da presidenta Dilma Rousseff em 2010. A empresa do casal fez o trabalho de marketing político da campanha.
Ela relatou que, em 2013, passou a pressionar o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, para que o pagamento da dívida, estimada em US$ 10 milhões, fosse feito. A partir daí, segundo ela, foi orientada por Vaccari a procurar Skornick, que seria responsável pelo pagamento de uma parcela. Questionada pelo juiz Sérgio Moro se os pagamentos foram registrados na Justiça Eleitoral, Mônica Moura respondeu: "Não, não foi. Foi caixa dois mesmo".
Ao ser indagada por que não confirmou o recebimento anteriormente, nos depoimentos prestados à Polícia Federal, a mulher de João Santana afirmou que não falou a verdade porque não queria atrapalhar o processo de impeachment. Nos depoimentos, o casal alegou que os recursos depositados na conta eram de campanhas feitas no exterior.
Impeachment
"Eu não quis atrapalhar o processo, não quis incriminá-la [Dilma]. Não quis colocar isso porque achava que iria piorar a situação. Achava que ia contribuir para piorar a situação do país falando o que realmente aconteceu. E acabei falando que foi recebimento de uma campanha no exterior. Eu queria apenas poupar, não piorar a situação que estava acontecendo naquele momento."
"Eu não quis atrapalhar o processo, não quis incriminá-la [Dilma]. Não quis colocar isso porque achava que iria piorar a situação. Achava que ia contribuir para piorar a situação do país falando o que realmente aconteceu. E acabei falando que foi recebimento de uma campanha no exterior. Eu queria apenas poupar, não piorar a situação que estava acontecendo naquele momento."
João Santana também indicou o mesmo motivo para não ter confirmado anteriormente o recebimento. "Achava que isso poderia prejudicar profundamente a presidenta Dilma. Nesse momento, eu raciocinava comigo. Eu que ajudei na eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidenta. Nessa época, se iniciava o processo de impeachment, mas ainda não havia nada aberto. Sabia que isso poderia gerar um grave problema, " disse Santana.
Mônica Moura também admitiu que a maioria das campanhas políticas é feita por meio de recursos não declarados. "Os trabalhos de políticos sempre são pagos em caixa dois. No meu trabalho, na minha atividade, isso acontece sempre. Os partidos não querem declarar o valor real que recebem das empresas. Em contrapartida, as empresas não querem declarar o valor real dado a cada partido e, nós, profissionais, ficamos no meio disso. Portanto, nunca era declarado todo o valor", acrescentou.
Durante depoimento prestado hoje ao juiz Sérgio Moro, João Vaccari, citado no depoimento, preferiu ficar em silêncio. Em nota, o PT declarou que todas as "operações do partido foram feitas dentro de legalidade". O partido também ressaltou que as contas de campanha eleitoral de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
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