PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

04 julho 2014

O médico e o monstro

Carlos Chagas
A partir deste fim de semana, Dilma e seus ministros precisarão tomar cuidado. Viagens, inaugurações, distribuição de casas e tratores e demais bondades a que o governo acostumou-se, senão proibidas, estão limitadas pela lei eleitoral. Torna-se mais difícil misturar a administração federal com a reeleição. O olho do Tribunal Superior Eleitoral, irrigado pelo colírio dos partidos de oposição, estará atento para que não se misture a campanha pelo segundo mandato com as obrigações de quem mantém os controles da ação  administrativa federal.
Trata-se de uma contradição criada pela malandragem de Fernando Henrique Cardoso,  quando arrancou do Congresso a emenda da reeleição de presidentes da República, governadores e prefeitos, sem a necessária desincompatibilização dos titulares seis meses antes das eleições. De lá para cá puderam os personagens confundir duas situações conflitantes: de executivos com a caneta e o diário oficial na mão com a cômoda busca de votos junto ao eleitorado.
A reeleição tornou-se a pedra de toque da distorção dos princípios democráticos criados depois dos tempos bicudos da ditadura e, pelo jeito, veio para ficar.  Um cidadão é  eleito por quatro anos,  julga-se no direito de ficar oito, valendo-se dos benefícios do exercício do poder. Uma usurpação, tanto quanto uma malandragem. 
Para pedir votos, Dilma não poderá valer-se do avião  presidencial, muito menos permitir que a assessoria de imprensa palaciana divulgue sua agenda de candidata.  Só que seu partido, o PT, alugará quantos jatinhos se tornem necessários para suas viagens eleitorais, bem como sofisticados escritórios e grupos de comunicação muito  melhor aparelhados eletronicamente do que os  mecanismos oficiais.
Vivemos uma farsa estendida aos governos estaduais e, em outro calendário, às  prefeituras.  Nem se fala no relacionamento dos altos funcionários do governo com as empreiteiras e demais beneficiados de seu   relacionamento permanente,  agora transformados em doadores da campanha desenvolvida pelos  mesmos personagens, apenas com roupa diferente, mas só nos fins de semana.

Em suma, uma pantomima que ninguém pretende encerrar, muito menos os candidatos da oposição. Porque,  um dia,  eles imaginam valer-se das mesmas facilidades para estender seus mandatos.

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