A mortalidade por câncer de mama no Brasil se mantém estável desde 2008 e isso se deve em parte pela dificuldade de acesso ao diagnóstico e tratamento, alertou o coordenador do Hospital das Clínicas de Goiás, Rufo de Freitas, em audiência pública da Comissão Especial de Combate ao Câncer da Câmara dos Deputados.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que 17.825 morreram de câncer de mama em 2020, 16% das pacientes. É o câncer que mais mata mulheres no País.Elaine Menke/Câmara dos Deputados
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Para Rufo de Freitas, a dificuldade das mulheres em conseguir realizar exames faz com que menos de 20% delas realizem as mamografias no tempo certo.
“Ela vai no local para pegar a solicitação, depois vai em outro dia para ir fazer a mamografia, outro dia para pegar o resultado e outro dia para mostrar para o médico. Cinco dias que ela deixou de exercer seu direito de cidadã”, disse.
Já a representante da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maria Helena Mendonça, destacou que a baixa qualidade nos exames dificulta muito a atuação médica nos casos de câncer de mama. Ela defendeu que o controle de qualidade dessas imagens seja realizado de forma obrigatória e não voluntariamente, como acontece hoje em dia.
Excesso de exames
Para o representante do Inca, Arn Migowski, o excesso de rastreamento é prejudicial porque leva muitas vezes a tratamentos desnecessários, como, por exemplo, no caso de tumores em estágio muito inicial. Para ele, além dos exames de imagem, existe a possibilidade de se fazer o rastreamento de câncer de mama com exames clínicos e com o autoexame.
“Nem sempre a mulher apalpa tarde demais. Ela deve procurar logo assistência médica e não achar que está desenganada e que é uma doença necessariamente letal. É procurar logo assistência médica diante dos sinais de alerta, porque a terapia evoluiu e ela pode ter um resultado bom no tratamento do câncer de mama, se é que o câncer de mama será confirmado”, afirmou.
Tempo certo
A presidente do Grupo Brasileiro de Estudos em Câncer de Mama, Daniela Rosa, destacou a importância da mamografia, desde que ela seja realizada no período correto.
“Nós, do Grupo Brasileiro de Mama e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, achamos que é correto fazer mamografia a partir dos 40 anos para todas as mulheres que não tenham sintomas. Quando elas tiverem sintomas, aí então elas devem ter direito a fazer exames, mas aí não é mais rastreamento de prevenção, é exame de diagnóstico”, explicou.
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