PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

16 maio 2022

Preço médio de veículos usados tem 1ª queda após 21 meses seguidos de alta

Clipping

O preço médio de veículos usados no Brasil sofreu, em abril, a primeira queda após 21 meses consecutivos de alta. Já entre os veículos novos foi registrada a 20ª alta seguida. É o que apontam os dados divulgados esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Conforme o levantamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, os preços médios de automóveis usados caíram 0,47% na passagem de março para abril. O resultado interrompeu uma sequência de alta iniciada em julho de 2020.

Já os preços médios dos automóveis novos subiram 0,44% na mesma comparação, mantendo a trajetória de alta de preços iniciada em setembro de 2020.

No ano, os carros novos ficaram 4,86% mais caros, enquanto os preços dos usados subiram 3,36%. Em 12 meses, a alta também foi maior entre os novos: 17,58%, ante 15,48% entre os usados.

Crise no setor

De acordo com o pesquisador André Almeida, analista da pesquisa realizada pelo IBGE, este movimento nos preços é reflexo da crise enfrentada pelo setor automobilístico diante da pandemia do coronavírus.

“Com a pandemia, ocorreu um desarranjo das cadeias globais de produção e, por conta disso, houve falta de peças para a produção de automóveis. Aos poucos, a indústria busca se ajustar ao novo cenário de mercado.

A indústria automotiva sofre há meses com falta de peças e componentes eletrônicos, que tem obrigado empresas como Volkswagen a conceder férias coletivas em fábricas para ajuste na produção, apontou a Reuters.

Movimento esporádico

Para o pesquisador André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, a queda de preços dos automóveis usados observada em abril pode ter sido pontual.

“Acho que essa queda de preços apurada em abril é um movimento esporádico. Não dá pra concluir só por um mês que essa queda dos preços seja efeito de juros sobre a demanda, por exemplo”, disse.

Com a fila para entrega de veículos novos cada vez maior diante da crise enfrentada pelas montadoras, a demanda pelos veículos usados aumenta cada vez mais. Diante disso, lembrou Braz, o movimento natural dos preços deveria ser de alta, não de queda.

“O preço é sensível à demanda. Então, se a demanda está subindo, os preços também deveriam aumentar”, apontou.

Um dos fatores que poderiam explicar essa queda de preços registrada em abril, segundo Braz, é do chamado efeito-calendário – abril teve menor número de dias úteis que março.

“Pode ser que as concessionárias tenham feito algumas promoções para não deixar o consumo cair durante os dois feriados e, na média, os preços tenham caído um pouco. Um só mês de queda não aponta para uma tendência de queda”, enfatizou o economista.

Braz ponderou, no entanto, que a sequência de alta de juros mantida pelo Banco Central para tentar frear a inflação no país tende, nos próximos meses, a pressionar a queda de preços dos veículos.

“Se os juros estão mais altos, está ficando mais caro financiar um carro. Isso faria com que a demanda esfriasse e, com isso, os preços recuariam”, apontou o economista do Ibre/FGV.

O efeito dos juros sobre a demanda ainda não foi observado no IPCA. Segundo Braz, isso é evidenciado pelo índice de difusão do IPCA, que passou de 76,13% em março para 78,25% em abril. Tal indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.

“Se mais produtos estão ficando mais caros e essa alta é maior que a do mês anterior, então ainda não podemos falar em pressão de juros sobre a demanda”, concluiu.

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