“Nós tentamos de forma escrita e formal pedir a renegociação do contrato com a Petrobras”, a estatal brasileira, disse o ministro boliviano de Hidrocarbonetos e Energias, Franklin Molina, citado em um comunicado nesta quinta-feira (26).
No entanto, “a resposta não foi a que se esperava”, acrescentou o funcionário.
A Petrobras não respondeu de imediato ao pedido de comentários feito pela AFP.
Essas declarações ocorreram após o anúncio, na terça-feira, de que o país andino havia reduzido o volume de gás natural enviado ao seu vizinho, o que Bolsonaro chamou de “orquestrado”.
“A Bolívia cortou 30% do nosso gás para entregar para a Argentina”, disse o presidente, em relação a um acordo assinado em abril entre os dois países para o comércio desse recurso.
“O gás, se tiver que comprar de outro local, é cinco vezes mais caro. Quem vai pagar a conta?”, acrescentou Bolsonaro, um dia depois de demitir o recém-nomeado presidente da Petrobras, em meio a repetidas altas do preço do combustível.
O governo da Bolívia, por sua vez, acusa o governo interino da direitista Jeanine Áñez (2019-2020) como responsável de um adendo ao contrato assinado em março de 2020.
Para Molina, o acordo “prejudica a Bolívia” e “gera prejuízos econômicos para a YPFB”, empresa estatal de hidrocarbonetos.
Além disso, enquanto a Petrobras paga a Bolívia entre 6 e 7 dólares por milhão de BTU de gás, as empresas privadas Compass e Totalenergies Brasil estariam dispostas a pagar de 15 a 18 dólares pelo mesmo volume, afirmou o ministro.
A Argentina, por outro lado, compra o gás boliviano a um preço médio de 12 dólares por milhão de BTU, um terço do preço internacional do gás natural liquefeito.
Segundo especialistas, a Bolívia pode ter que pagar multas milionárias por descumprir o contrato com o Brasil, como aconteceu em 2018. No entanto, se for comprovado que a Petrobras ignorou um suposto pedido de renegociação, o caso pode acabar em arbitragem. O Brasil consome cerca de 60% do gás natural exportado pela Bolívia, segundo dados oficiais.
Fonte: DP
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