
Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
O novo recorte da pesquisa Quaest, com o levantamento das intenções de voto para os governos de oito estados, reforça a leitura de como o Brasil está mesmo dividido entre aqueles que hoje apoiam o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os que se vinculam a uma oposição a ele.
Os levantamentos apontam quatro estados nos quais candidatos mais identificados com a oposição lideram a corrida. E três que são liderados por nomes mais próximos do governo. No oitavo, há empate. Há um detalhe importante a se analisar a respeito desses nomes. No campo governista, nenhum deles é do PT, o mais marcadamente identificado é João Campos (PSB) em Pernambuco. Mas na oposição, alguns não são exatamente bolsonaristas.
Se esse quadro se mantiver, ele pode criar um limbo com capacidade de empanar aquela ideia da oposição de vir forte o suficiente no Senado para aprovar impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. Algo mais fluido, se os governadores puxarem os votos.
As escolhas para o Senado independem do tamanho da população. Serão dois senadores por estado. Então, o que caberá no caso avaliar é a capacidade que os governadores eleitos tenham de fazer com que os demais votos sejam de fato coerentes com a cabeça de chapa.
Governadores que forem fenômenos de voto podem transferir esse desempenho e eleger os dois senadores. Os que enfrentarem eleição mais apertada podem fazer com que as vagas no Senado se dividam. O quadro hoje mostra a oposição com vantagem clara em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná. O governo claramente à frente no Rio de Janeiro e Pernambuco, talvez em Goiás, onde o perfil é dúbio. Em São Paulo, a corrida envolve dois nomes que não necessariamente estão na disputa. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pode sair para presidente. E o segundo é o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Se não forem esses os nomes em São Paulo, quem herda? O prefeito Ricardo Nunes, do MDB. Até que ponto Tarcísio ou mesmo Nunes estarão identificados com o bolsonarismo de fato, se parte desse Bolsonarismo – caso de Eduardo Bolsonaro – os rejeita?
Dois nomes são marcadamente bolsonaristas. O senador Cleitinho (Republicanos), em Minas Gerais, e o deputado Luciano Zucco (PL). Mas este segundo aparece empatado com Juliana Brizola (PDT), governista, no Rio Grande do Sul. Ela com 21%, ele com 20%.
João Campos, em Pernambuco, é marcadamente governista. Em Goiás, Daniel Vilela (MDB), embora vice de Caiado, esboça uma candidatura com o apoio do PSB local e tendo Lula como o candidato à Presidência da República. Eduardo Paes (PSD) no Rio é governo.
Na Bahia, o líder é ACM Neto, que faz um discurso de forte oposição local ao PT. Mas não é necessariamente aliado de Bolsonaro. E, pelo menos por agora, seu partido está na base do governo Lula. No Paraná, o nome é Sergio Moro (União), claramente oposicionista.
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