Por Jonathan Karter
Do Poder 360
Foi de 43% para 46% a taxa de eleitores que declaram desaprovar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O percentual oscilou 3 pontos percentuais para cima desde o final de julho e, agora, é o mesmo do grupo que diz aprovar a gestão petista. Os dados são de pesquisa PoderData realizada de 12 a 14 de outubro de 2024.
O gráfico a seguir mostra a curva longa, desde o início do mandato, em janeiro de 2023. Na largada, com 1 mês no Palácio do Planalto, a curva de aprovação estava 13 pontos acima da de desaprovação. Agora, não há diferença
A pesquisa cujos dados são relatados neste texto foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os dados foram coletados de 12 a 14 de outubro de 2024, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 2.500 entrevistas em 181 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança é de 95%.
Para chegar a 2.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de de milhares de telefonemas. Muitas vezes, são mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.
RECORTES DEMOGRÁFICOS
O Poder360 estratifica os dados por demografia (sexo, idade, escolaridade e renda). Eis os destaques:
- Mais aprova: o governo é mais bem avaliado por jovens de 16 a 24 anos (60%) e por idosos de 60 anos ou mais (55%);
- Mais desaprova: os percentuais de desaprovação são maiores dentre os que cursaram o ensino superior (54%) e os que ganham mais de 5 salários mínimos (53%).
NORDESTINOS FIÉIS A LULA
A região é a única em que mais de 50% da população declara aprovar a gestão petista. No Sudeste, 46% se dizem satisfeitos e 44% insatisfeitos com o governo. Nas demais regiões, a taxa de desaprovação à administração de Lula supera a de aprovação.
CATÓLICOS E EVANGÉLICOS
Os fiéis das duas religiões com mais seguidores no país se mantêm em posições antagônicas quanto à avaliação do governo: 55% dos católicos dizem aprovar a gestão de Lula, enquanto 60% dos evangélicos declaram desaprovar.
É importante notar nos 2 gráficos acima que a aprovação e desaprovação ao governo Lula entre evangélicos têm se mantido relativamente estáveis depois de quase 22 meses de governo. Já no caso de católicos, a situação mudou um pouco: a administração petista começou em janeiro de 2023 com aprovação de 62%, taxa que agora recuou para 55%.
TRABALHO PESSOAL DE LULA
O percentual dos que consideram o trabalho pessoal de Lula “ótimo/bom” oscilou 1 ponto para baixo em 2 meses. Eram 31% ao final de julho. Agora, são 30%. A taxa dos que consideram “ruim/péssimo” não mudou no período: 31%. Já a taxa daqueles que consideram o trabalho do petista “regular” subiu 21 pontos percentuais desde a posse e 13 pontos percentuais desde o início de 2024. Indica cautela ao petista, pois é considerado um pit stop antes de os eleitores migrarem para uma avaliação mais firme, seja positiva ou negativa.
ESTRATIFICAÇÃO
O Poder360 estratifica os dados por demografia (sexo, idade, escolaridade e renda). Eis os resultados:
POR QUE ISSO IMPORTA
Porque os resultados desta rodada do PoderData indicam que foi modesto o efeito do esforço intensivo de marketing de Lula em função das eleições municipais. O presidente se engajou menos do que o PT desejaria, mas foi a comícios e carreatas.
Em julho, quando foi realizada a última pesquisa, Lula havia tido uma melhora tímida nas suas taxas de aprovação. Agora, a desaprovação avançou 3 p.p. e as taxas de avaliação pessoal do presidente se mantiveram sem oscilações significativas, retomando tendências desfavoráveis ao petista que vinham sendo registradas anteriormente.
Em suma, o que importa é a curva completa que a pesquisa mostra desde janeiro de 2023. A rigor, hoje, o governo Lula e o desempenho pessoal do petistas estão com avaliações piores do que no início do mandato.
Lula foi eleito em 2022 com 50,90% dos votos no 2º turno contra Bolsonaro. De lá pra cá, fala para um mesmo público e não consegue ampliar sua base de apoio, que dá sinais de afastamento.
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