São Pedro abriu as torneiras do céu ontem e jogou sobre o Recife 158 milímetros de chuva entre a meia noite até por volta das 13 horas de ontem. Segundo o prefeito João Campos (PSB), a chuvarada superou o que estava previsto para todo este mês. “Foram 146 mm só nas últimas seis horas”, registrou Campos.
A governadora Raquel Lyra (PSDB), por sua vez, foi até Águas Compridas, em Olinda, prestar solidariedade à dona Judite, que perdeu a casa e um filho na enxurrada das águas morro abaixo. A tucana só esqueceu de informar que providências tomou para assistir à família, que além do barraco, perdeu móveis e equipamentos eletrônicos.
A presença da tucana no local é mais do que louvável e necessária, mas deveria ter sido sequenciada por decisões que pudessem amenizar a dor da família e de centenas de pessoas na mesma localidade e outros morros igualmente prejudicados. Desde que Maurício de Nassau botou os pés aqui, e já antes também, toda vez que chove, Recife vira um caos.
A Defesa Civil informou que recebeu, até o meio-dia, 207 chamados para ocorrências de riscos, com pedidos de lonas e vistorias em barreiras. Mas tudo já estava escrito nas estrelas. No domingo, a Apac emitiu um alerta para chuvas fortes no Grande Recife e na Zona da Mata, com reforço de aviso ontem cedo, deixando de ser amarelo, que indica estado de observação, para virar laranja, que se refere ao estado de atenção, de natureza mais grave.
A governadora, infelizmente, não anunciou nada de concreto na visita midiática a Olinda. Disse apenas da sua intenção de construir parcerias com as prefeituras do Grande Recife para que situações como as ocorridas como as de ontem não se repitam. No ano passado, as chuvas provocaram 134 mortes em decorrência de deslizamentos de barreiras e alagamentos, mas até hoje ninguém ganhou sequer uma casinha para morar.
Enfim, uma promessa – Após visitar dona Judite, que ficou de mãos vazias, a governadora foi às redes sociais dizer que mandou fazer o mapeamento dos pontos críticos e falou em entregar dez mil unidades habitacionais para famílias que vivem em áreas com risco de deslizamento. “A gente quer concluir essas casas. Entregar para a população [essas moradias] e apoiar os municípios, para que eles possam cumprir o seu papel também, para que ninguém mais lamente a morte de um dos seus”, afirmou.
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