PREFEITURA DE TRINDADE

SARGENTO EDYMAR

04 junho 2020

Veto pode ampliar tensionamento na relação do Governo Federal com gestores

A decisão também afeta a relação com o Poder Legislativo
Presidente Jair Bolsonaro em videoconferência com o presidente da Polônia
Presidente Jair Bolsonaro em videoconferência com o presidente da PolôniaFoto: Marcos Corrêa/PR
O veto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é mais uma medida que afeta interesses de estados e municípios. Com os gestores pressionados com as demandas provocadas pela Covid-19, a medida pode tensionar ainda mais a relação entre os entes federativos. A decisão também afeta a relação com o Poder Legislativo, que se surpreendeu com a decisão do chefe do Executivo, e a oposição ameaça derrubar a decisão no plenário.

“O veto dessa natureza neste momento de crise em que os estados realmente chegaram no seu limite, em que o dinheiro está todo comprometido, realmente (a ação do presidente) vai ser interpretada politicamente como mais um gesto em que demonstra uma falta de capacidade política de sinalizar que o governo está com essa disposição de ajudar os estados e municípios, principalmente neste momento de pandemia”, analisa Lapa.

A cientista destacou que o veto de Bolsonaro surpreendeu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), com isso, possivelmente os gestores que esperavam pelo recurso também tenham se sentido traídos. Ela ainda destaca que se o presidente continuar faltando com diálogo poderá acirrar o cenário político.

“Apesar de haver essa justificativa da ilegalidade, de utilizar esse recurso que não tinha previsão legal para ser empregado, ele podia ter entrado numa mesa de negociação. Ele agiu como se fosse assim, a negociação foi em uns termos e agora o veto vem no sentido contrário. Então, com certeza tudo isso acirra o clima com essa falta de diálogo e ele seja interpretado politicamente. Talvez de maneira unanime, os governadores e os prefeitos vão se sentir traídos em consequência dos últimos tratos na última reunião que tiveram com Bolsonaro”, conclui.

O presidente da Amupe, José Patriota, classificou o veto como “incoerência”. “Os municípios pernambucanos perdem R$ 2.5 milhões, fora o Estado de Pernambuco, essa é a nossa estimativa de perda em cada área. O fundo de recuperação significa R$ 800 milhões. Em um momento extraordinário de dificuldade como essa, a gente precisava ter esse recurso para recuperar os municípios e para combater a Covid-19, que a gente não sabe para onde vai. Isso significa que vamos ter aperreio e aperto muito grande”, lamentou.

No Legislativo, a oposição pretende reagir. O líder do PSB na Câmara Federal, Alessandro Molon (PSB), quer derrubar o veto no plenário do Congresso Nacional. "Mais de 30 mil mortos e, mesmo assim, Bolsonaro vetou os R$ 8,6 bilhões para ajudar estados e municípios no combate à Covid-19. Não tem justificativa! Aprovamos a medida no Congresso e lutaremos para derrubar este veto. Em meio à pandemia, tempo é vida, e Bolsonaro atrasa o país", afirmou.

“Enquanto o mundo se mobiliza para salvar vidas, Bolsonaro parece achar pouco os mais de 30 mil brasileiros que perdemos", criticou o deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB).

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