PREFEITURA DE TRINDADE

SARGENTO EDYMAR

30 julho 2018

Programa do PT aposta na nostalgia e evita autocrítica

Plataforma eleitoral minimiza dificuldades que novo governo encontrará e defende políticas duvidosas
Ricardo Balthazar – Folha de S.Paulo
A economia brasileira ainda está longe de se recuperar da recessão em que afundou quando Dilma Rousseff estava no poder, mas quem buscar na nova plataforma eleitoral do PT uma explicação para o que aconteceu ficará decepcionado.
Antecipado pela Folha na semana passada, o programa evita discutir as origens da crise, minimiza as dificuldades que o próximo governo enfrentará e defende políticas que alcançaram resultados duvidosos mesmo quando as circunstâncias pareciam mais favoráveis do que hoje.
Os petistas prometem um plano de emergência para retomar investimentos públicos e criar empregos no primeiro ano do novo governo, mas não há previsão de custos, nem indicação clara da origem dos recursos que financiariam o projeto.
Bancos públicos seriam convocados a aumentar a oferta de crédito e baixar os juros de seus empréstimos, numa tentativa de forçar os bancos privados a fazer igual. Dilma experimentou a mesma ideia em seu governo, com resultados efêmeros.

Trabalhadores e empresários teriam assento no Conselho Monetário Nacional e voto nas discussões sobre a meta de inflação. Parece novo? Empresários participavam das reuniões do órgão durante a ditadura militar e dois sindicalistas puderam entrar com o retorno à democracia. Os patrões sempre levaram a melhor.
Não há problema mais desafiador à espera do próximo presidente do que o déficit nas contas da Previdência Social, que hoje consome 49% dos gastos do governo federal. O programa petista mal toca no assunto.
Ele ignora o envelhecimento da população, que tem feito a despesa com aposentadorias e pensões crescer rapidamente, e diz que a situação será resolvida com a volta do crescimento e cortes nos benefícios dos servidores mais bem pagos.
Como estratégia eleitoral, uma tentativa de resgatar o espírito dos anos gordos em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva governou, o programa petista talvez faça sentido. Em caso de vitória, ele só servirá para alimentar frustrações mais tarde.

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