Josias de Souza
Em 2014, Josué disputou sem sucesso uma vaga no Senado enganchado em Lula e Dilma
A novela da indicação de Josué Gomes da Silva para vice de Geraldo Alckmin tornou-se um atentado à lógica. Empresário de perfil moderno, Josué irrompeu em cena puxado pelas mãos arcaicas de Valdemar Costa Neto. Atado por laços afetivos ao PT de Lula e Dilma, foi empurrado para dentro da chapa tucana. Saiu de fininho, mas o PR (pode me chamar de Partido do Valdemar) soltou nota para informar que “ainda não há registro de qualquer decisão do republicano Josué Gomes”.
Nesta quarta-feira, Alckmin se reunirá com o alto comando do centrão. No dia seguinte, o consórcio integrado por PR, PP, DEM, PRB e Solidariedade deve formalizar o apoio ao presidenciável tucano, vitaminando sua vitrine no horário da propaganda eleitoral. A aliança será selada mesmo sem a definição de um vice. Simultaneamente, o petista Fernando Pimentel, candidato à reeleição para o governo de Minas Gerais, tenta fazer de Josué o seu vice.
Em 2014, Josué disputou sem sucesso uma cadeira de senador pelo PMDB de Minas. Foi às urnas coligado com o PT de Pimentel. A pedido de Lula, Josué trocou o partido de Michel Temer pela legenda de Valdemar Costa Neto. A ideia era que o empresário participasse da sucessão de 2018 como número dois de uma chapa encabeçada por Lula. A prisão do pajé do PT fulminou seu projeto de reeditar com Josué a parceria que firmara com o pai dele, José Alencar, nas eleições de 2002 e 2006.
Contra esse pano de fundo, uma eventual parceria com Alckmin representaria para Josué uma espécie de salto ideológico —não um pulinho qualquer, mas um salto mortal triplo carpado. A nota na qual o PR escreve que “ainda não há registro de qualquer decisão” não orna com a resistência esboçada por Josué. Mas se o eleitorado brasileiro aprendeu alguma coisa desde a redemocratização foi o seguinte: o essencial para entender a lógica do jogo político é ignorar a lógica.
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