Folha de S.Paulo – Kames Cimino (Colaboração para a Folha em Nova York)
Em visita oficial aos Estados Unidos para um encontro com António Guterres, secretário-geral da ONU, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que seja pré-candidato à Presidência da República.
Maia disse que, no momento, sua última preocupação são as eleições e que a viagem, agendada havia meses, nada tinha a ver com uma possível campanha para alavancar seu nome ao pleito.
"Eu não estou preocupado com eleição. Se eu estivesse, estaria ouvindo muitos dos meus amigos dizendo que eu não deveria manter a votação [da reforma da Previdência]. Minha preocupação com as eleições neste momento é nenhuma", afirmou.
Sobre o assunto, aliás, disse estar cético quanto a uma possível vitória do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e defendeu que Lula se candidate e concorra. "Eu nem acho que ele [Bolsonaro] será o vencedor. Mas irei respeitar se ele vencer, como vou respeitar se o presidente Lula puder disputar a eleição e ganhar, ou o governador Geraldo Alckmin [PSDB]."
O presidente da Câmara quer que Lula dispute as eleições porque acredita que ele irá perder –e que será o momento de provar que seu legado para o Brasil foi ruim.
"É importante que ele dispute, porque eu tenho até muita convicção que ele vai perder as eleições. E é importante que a gente desmonte a tese de que o Lula é imbatível, que o legado dele foi uma maravilha", afirmou.
"Quem está andando pelo Brasil hoje sabe o legado que ficou. Tem muito ativo colocado pelo PT que, para mim, é um passivo –fora o passivo que deixaram depois do impeachment, 14 milhões de desempregados, inflação explodindo, taxa de juros de 15%."
Segundo Maia, na hipótese de o petista concorrer, "um, ou dois, ou três candidatos do nosso campo" poderão, ao longo da corrida presidencial, fazer "um enfrentamento" com ele e destacar esse legado.
O deputado comentou ainda declarações de Bolsonaro sobre seus gastos com auxílio-moradia –na semana que passou, a Folha revelou que o parlamentar manteve o benefício, apesar de ter imóvel próprio em Brasília. Em entrevista sobre o caso, disse à reportagem que usava o dinheiro para "comer gente".
Para o presidente da Câmara, este é apenas o "perfil" do colega, que se utiliza de "frases de impacto e irônicas".
"Minha crítica a ele é em relação ao posicionamento mais extremado, do qual eu discordo, mas eu nunca vi o deputado Bolsonaro com atitudes concretas de desrespeito ao uso do dinheiro público", disse. "Ele mesmo vai organizar uma resposta mais transparente para seus próprios eleitores, que certamente ficaram mais impactados."
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