Da Folha de S.Paulo – Marina Dias e Natuza Nery
Reunido com a cúpula do governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da "análise otimista" feita por alguns conselheiros de Dilma e disse que o cenário que o governo enfrenta é mais duro do que avalia o Planalto.
"Se a conjuntura fosse tão favorável como acreditam Edinho e Mercadante, o quadro político seria outro", disse Lula, conforme relatos, em reunião na sexta (22) na Granja do Torto, uma das residências oficiais da Presidência.
Ele dirigiu a fala a outros dois presentes ao encontro, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que colegas chamam de "ministro Pollyanna", em alusão à personagem da literatura juvenil exageradamente otimista.
Segundo a Folha apurou, o titular da Casa Civil pintou uma imagem mais positiva da economia. O mercado prevê queda de mais de 1% no Produto Interno bruto neste ano.
DEBATE CONSTANTE
O encontro foi o segundo entre Lula e Dilma em uma semana, sinal de que o momento exige debate constante sobre como governo e PT podem resgatar popularidade.
O ex-presidente sugeriu a adoção de uma agenda positiva para junho, após as votações do ajuste fiscal no Congresso. A ideia é deixar para trás um primeiro semestre de notícias negativas. Para ele, Dilma precisa retomar as aparições públicas, pelo país e em viagens internacionais.
Um dos ministros presentes disse que é preciso melhorar a articulação política interna, coordenada por Mercadante, mas, principalmente, lapidar a relação de Dilma com o PT. Lula concordou.
Alvo de críticas dentro e fora do partido pelo estilo difícil e, segundo colegas, "arrogante", Mercadante saiu da linha de frente da articulação política, liderada hoje pelo vice-presidente, Michel Temer, mas precisa melhorar sua relação com o resto do governo para destravar programas.
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