RECIFE – Localizada no bairro do Poço da Panela, a Rua do Chacon
era um ícone da efervescência cultural do Recife na década de 1940. Seu morador
mais ilustre é o escritor Ariano Suassuna, que já teve como vizinho de frente
Miguel Arraes (1916-2005), governador de Pernambuco por três mandatos. Ao lado,
vivia o poeta Maximiano Campos (1941-1998), pai do pré-candidato do PSB à
Presidência, Eduardo Campos.
A política
está intrinsecamente ligada à história de Ariano. Seu pai, João Suassuna, foi
morto no Rio de
Janeiro na Revolução de 1930. Depois de apoiar as candidaturas petistas nas três
últimas eleições presidenciais, Ariano diz agora estar “entusiasticamente” ao
lado de Campos, com quem tem relação familiar. O escritor é tio de Renata
Campos, mulher do presidenciável.
Mesmo com
pavor de voar, Ariano estará em Brasília na próxima
segunda-feira para o anúncio da pré-candidatura de Campos ao Planalto,
evento que está sendo chamado pelo PSB de “político-cultural”. O escritor deve
falar rapidamente no início da solenidade.
Como o senhor observa o cenário político nacional?
O Brasil
precisa de um governo decente, precisamos de um Executivo e um Legislativo com
trabalhadores e corretos, que pensem no país e, antes de tudo, precisamos de um
Judiciário que pense na Justiça. O que me deixa triste é quando abro o jornal e
vejo uma denúncia de corrupção. Me dá essa sensação de tristeza. Não é possível
que esse povo não tenha a noção do mal que está fazendo à sociedade. É um
escárnio!
O senhor apoia Eduardo Campos. Como ele pode mudar essa realidade?
A economia
está diferente, para pior, eu acho. Na minha opinião, várias conquistas do
governo Lula foram abandonadas. A minha sintonia com o governador Eduardo
Campos não vem somente do discurso, certo? Essas são algumas coisas que me
fazem ficar ao lado dele. Ele é a grande esperança. Getúlio, Jânio, Juscelino e
Lula da Silva. Para mim, foram os melhores presidentes que o Brasil já teve. Se
Eduardo Campos fizer pelo Brasil metade do que ele fez em Pernambuco, vai
ganhar de todos os quatro.
O que o senhor acha da aliança dele com a ex-senadora Marina
Silva?
Eu gostei
dessa aliança com Marina. Acho que os dois tem qualidades complementares. Não
conheço Marina pessoalmente. Eu tomei conhecimento de Marina pelas urnas,
quando ela disputou a eleição.
Eduardo Campos vem dizendo que o Brasil pode perder as conquistas
sociais dos últimos anos. O que pode evitar essa perda?
Cuidados na
economia e vontade política. Eu acho que Eduardo Campos é o político mais
brilhante que eu já conheci. E acho que ele é o mais hábil, o mais apto a
melhorar e levar adiante as conquistas sociais obtidas no governo Lula. Na
campanha de 2006, diziam que ele seria o novo Miguel Arraes. Eu disse: Não! Ele
vai ser mais do que isso. Ele vai ser o Arraes novo. E foi, realmente. Ele não
me decepcionou em nada. Na medida em que eu pude, eu ajudei em 2006.
Como avalia o governo Dilma?
O que eu lhe
digo é que eu e as pessoas como eu, quando tomamos uma posição política, não
pensamos se ela é justa ou não. Pensamos na eficácia dela. Conheço pessoalmente
a presidente, me encontrei com ela quando era candidata. Como é o nome daquele
poeta maranhense? (pergunta ao assessor). Meus Deus! Estou tendo lapsos de
memória. Ferreira Gullar! Ele deu umas declarações na eleição passada apoiando
Serra. Eu fiz questão de apoiá-la, eu não queria que o PSDB ganhasse. Eu queria
que Dilma ganhasse. Então, fui lá e dei um abraço nela e voltei.
Qual será a sua contribuição para o programa de Eduardo Campos?
Nós
conversamos sempre sobre cultura, mas não fiz nenhuma sugestão ainda para o
programa de governo. Ainda não está em tempo, não é? Se ele for eleito, vamos
conversar. Eu não sei desempenhar papel político, nem na Cultura. Eu tive
condições de ser secretário de Cultura de doutor Arraes e de Eduardo porque
eles compreendem o que eu sou e nunca exigiram de mim... Se eles fossem me
avaliar pelo meu desempenho de secretário, eu estava desgraçado.
Como será a sua participação no evento de segunda-feira e na
campanha de Eduardo?
Eu vou na
segunda-feira para Brasília, porque tenho uma obrigação lá. Mas estarei
presente no evento. Tenho horror a viajar de avião, mas quando é preciso ir, eu
vou. A minha participação na campanha vai depender dos planejadores. Quando
chegar a época certa, converso com Eduardo, ele conversa comigo, e decidimos. O
que eu puder fazer, eu faço. Eu estou entusiasticamente ao lado de Eduardo
Campos e espero, para o bem do Brasil, que ele seja eleito.
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