Na batalha por apoio político para vencer a eleição mais acirrada desde a redemocratização, o presidente Jair Bolsonaro (PL) largou o segundo turno na frente, ao costurar alianças com os governadores dos três maiores estados do país. Já o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mirou na adesão dos outros dois principais candidatos derrotados no primeiro turno.
Bolsonaro celebrou a rápida declaração de apoio dos governadores Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Rodrigo Garcia (PSDB), de São Paulo. Os dois primeiros já eram aguardados, por causa da proximidade com o presidente, e podem ajudar o mandatário a conquistar pelo menos 1 milhão de eleitores em relação ao primeiro turno – esse é o número de votos que os governadores tiveram a mais que o titular do Planalto. As informações são do Metrópoles.
Já o “apoio incondicional” anunciado por Rodrigo Garcia, ontem, não era tão óbvio no meio político, e tem como objetivo ajudar Bolsonaro a ampliar ainda mais a diferença obtida sobre Lula em São Paulo no primeiro turno. Além de articular para garantir o voto dos 4,2 milhões de eleitores que optaram por Garcia e podem não ter escolhido Bolsonaro, a campanha do presidente agiu rapidamente para evitar que o assédio do PT assegurasse o apoio dos tucanos a Lula.
Segundo aliados, Garcia estava inclinado a se posicionar a favor do chefe do Executivo nacional, mas iria aguardar orientação da cúpula do PSDB. Na terça (4), o governador recebeu o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Palácio dos Bandeirantes e foi pressionado a declarar apoio ao presidente no mesmo dia, durante visita de Bolsonaro ao estado, como de fato ocorreu. Só depois da manifestação de Garcia que a sigla tucana decidiu ficar neutra e liberar seus filiados.
Com o apoio dos três governadores, Bolsonaro espera melhorar seu desempenho no Sudeste, região mais populosa do país, e diminuir a vantagem aberta por Lula no primeiro turno, que foi de 6 milhões de votos. O petista obteve 48,4% dos votos válidos, contra 43,2% do atual presidente. Bolsonaro já conta com o respaldo do governador reeleito do Paraná, Ratinho Junior (PSD), sexto maior colégio eleitoral, e fez acenos a ACM Neto (União), que disputa contra o PT o governo da Bahia, quarto estado com mais eleitores.
Enquanto Bolsonaro avançou rapidamente sobre os governadores, Lula mirou o apoio dos outros dois principais candidatos derrotados no primeiro turno: Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT). Juntos, eles somaram 8,5 milhões de votos, muito mais do que o montante que Lula precisaria para derrotar Bolsonaro – 1,9 milhão de votos –, considerando o resultado do primeiro turno.
Na terça-feira, Ciro acenou a Lula, de forma tímida e crítica, sem sequer mencionar o nome do petista. Mesmo assim, o gesto do pedetista foi comemorado pelo PT, sobretudo porque, no segundo turno das eleições de 2018, o presidenciável não declarou voto em Fernando Haddad. Agora, o ex-mandatário espera a adesão da senadora Simone Tebet, que já sinalizou apoio ao petista, mas também deve fazê-lo de forma mais comedida. Ambos já conversaram por telefone.
A exemplo do que foi feito no primeiro turno, com a estratégia de alavancar o voto útil em Lula, o PT intensificou as articulações para atrair o apoio de outros partidos e lideranças políticas. Já obteve, além do PDT de Ciro Gomes, respaldo do Cidadania, que fez federação com o PSDB, e busca fechar adesões com o maior número de políticos dissidentes de PSD e MDB – siglas que têm se posicionado pela neutralidade.