Não conhecia nem nunca imaginei que a cantora e musa do movimento musical afro brasileiro, Margareth Menezes, fosse tão identificada com a marca do social na Bahia, só comparável a Carlinhos Brown, com sua famosa escola do mais autêntico ritmo próprio do País - o da nação axé.
Negra, de vozeirão incomparável, premiada internacionalmente, encarnação pura da simplicidade, Maga, tratada assim pela legião de fãs no Brasil, anda pelas ruas da Ribeira fazendo cultura. Retira jovens dos seus morros, barracos e alpendres para serem gente na vida.
Enquanto aprendem uma arte para dela viver, jovens, entre 16 e 24 anos, exibem no espaço Iaô, na própria Ribeira, alegria e felicidade. Puxados de um mundo cão, no qual o caminho acaba, infelizmente, nas drogas, esses jovens de todas as etnias batem ponto na chamada Fábrica Cultural, de Margareth e Jaqueline Azevedo, diretora do pedaço e braço direito da cantora, para o encontro rumo ao caminho do futuro.
A Fábrica Cultural é uma ONG mantida pela Maga sem fins lucrativos há 15 anos. De voz bela, estrela de coração de anjo, como definiu o poeta Sebastião Dias, prefeito de Tabira, a rainha do axé abriu o seu espaço para ensinar todos os ritmos baianos a uma geração que promete não deixar morrer nunca a cultura afro baiana.
O Mercado Iaô na rua, durante o carnaval baiano, é outra marca da Maga. O espaço, que nos últimos anos lotou a Ribeira, com shows dela e convidados, este ano não será realizado por falta de recursos.
Diretora da Fábrica Cultural, e sócia de Margareth Menezes, Jaqueline Azevedo garante que os fãs de Maga não ficarão abandonados no verão.
No próximo dia 8, ela é uma das atrações do projeto Concha Negra (Teatro Castro Alves) ao lado de Afrocidade e Luedji Luna. O Mercado IAÔ gera trabalhos diretos e indiretos para centenas de pessoas, como bem promove arte, cultura, lazer e informação para a população de Salvador e da Bahia.
"Estamos esperançosas que, no próximo ano, consigamos realizar muitas edições no verão", diz Margareth. Segundo ela, o Mercado IAÔ surgiu como uma proposta de ocupação de um espaço com múltiplas linguagens.
Para projetar música, teatro, poesia, artes plásticas, gastronomia, artesanato e ideias criativas, reforça ela.
Para projetar música, teatro, poesia, artes plásticas, gastronomia, artesanato e ideias criativas, reforça ela.
A Associação Fábrica Cultural atua há mais de 15 anos na Bahia, nos eixos estratégicos de Educação, Cultura e Sustentabilidade. Tem outros projetos, como o Aprendiz em Cena, que qualifica 120 jovens na área teatral, pela lei do Jovem Aprendiz, ou seja, com carteira de trabalho assinada. Em 2019, a instituição foi credenciada como organização gestora da qualificação, fomento e comercialização do Artesanato da Bahia.
Na arte teatral, a Maga foi buscar o que existe de melhor para transferir ensinamentos aos jovens aprendizes: o ator global e diretor de teatro, Jackson Costa, baiano formado na faculdade de teatro da Universidade Federal da Bahia.
Jackson ganhou fama com trabalhos importantes na televisão brasileira, como as novelas globais “Pedra sobre Pedra, “Renascer”, “Paraíso” e “Amor à vida”, entre outras. "Esse trabalho da Maga é sensacional e quando procurado para ensinar teatro me doei de corpo e alma", revela o ator-professor.
Maga, o coração de anjo, bem que poderia viver só dá música e pouco se lixar para trabalho social. Afinal, é famosa. Conquistou dois troféus Caymmi, dois troféus Imprensa, quatro troféus Dodô e Osmar, além de ter indicada para o GRAMMY Awards e GRAMMY Latino.
A Maga ganhou notabilidade nos palcos da vida na interpretação da canção Dandalunda. Já fez mais de 20 turnês mundiais, e é considerada pelo jornal estadunidense Los Angeles Times, como a "Aretha Franklin brasileira".
Ainda pequena, Margareth, começou a cantar no coral da igreja local e, após conhecer Silas Henrique iniciou sua carreira artística, inicialmente como atriz, ganhando em 1985 o prêmio de "melhor intérprete" em "Banho de Luz". Posteriormente, começou a se envolver com a música, apresentando-se em bares, até que é ovacionada ao lado da Orquestra do maestro Vivaldo da Conceição.
Em 1987, gravou o seu primeiro single, lançado como LP, ao lado de Djalma de Oliveira, "Faraó (Divindade do Egito)", vendendo mais de 100 mil cópias. Após isso, Menezes deu início a sua carreira bem-sucedida, lançando 14 álbuns sendo que dois desses, Ellegibô e Kinda, alcançaram o topo da Billboard World Albums, enquanto Pra Você e Brasileira Ao Vivo: Uma Homenagem Ao Samba-Reggae, recebeu indicações ao Grammy Latino e Grammy Awards.
Em 2010, lançou Naturalmente. Ela ainda lidera o movimento "Afropop Brasileiro", que visa preservar e promover a cultura afro-brasileira. Todos os anos, a cantora leva seu trio elétrico, um dos mais tradicionais, às ruas de Salvador.
O trabalho que abraçou no espaço do bem querer e do bem fazer a faz feliz e a engrandece. "Não poderia ser feliz sem fazer algo pelo meu povo, minha rica nação afro baiana", diz, com os olhos marejados. O leitor percebe, portanto, que a Maga é desprovida e cumpre, nas horas vagas do seu canto, o papel de cidadã exemplar.
Viva Margareth Menezes! Viva a Maga!
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