Policial do Rio joga pedra em manifestante
Alvaro Costa e Silva - Folha de S.Paulo
A piada correu rápido. Ao ser informado de sua cassação pelo Tribunal Regional Eleitoral por abuso de poder econômico e político, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, se surpreendeu por... ainda ser o governador do Rio.
Não precisa ter sido contemporâneo do corsário francês René Duguay-Trouin —que em 1711 sequestrou o Rio de Janeiro e levantou um resgate de 610 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois— para se convencer de que cariocas e fluminenses enfrentam a pior crise da sua história. O buraco nas finanças só afunda, e a única saída é a tentativa de privatizar "a bangu" a Companhia Estadual de Águas e Esgotos.
Nos protestos da semana passada nos arredores da Assembleia Legislativa, o fotógrafo Ricardo Borges traduziu em imagem o drama de penúria e caos: sem munição, um PM atirou uma pedra portuguesa nos manifestantes.
O maior culpado está preso, o ex-governador Sérgio Cabral, pirata de lenço branco amarrado na cabeça que não poupou nem as vítimas da maior tragédia climática do país: a Polícia Federal investiga a cobrança de suborno até em obras emergenciais após as chuvas na região serrana, em 2011, as quais deixaram mais de 900 mortos e 35 mil desabrigados.
Pezão terá de lidar nos próximos dias com mais uma denúncia cabeluda. Auditores do Tribunal de Contas do Estado constataram que o governo deixou de fazer repasses ao Rioprevidência, que acumula um deficit de R$ 10,5 bilhões. O fundo chegou a criar duas empresas em paraísos fiscais, dando como garantia os royalties do petróleo.
A PF suspeita que Pezão também se beneficiou do butim praticado por Cabral. O atual (até quando?) governador não seguiu o conselho de Machado de Assis —"suje-se gordo". Teria recebido propinas no total de R$ 750 mil. Quer dizer, é o que se descobriu até agora.
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