Por O Globo - Por Leandro Prazeres
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, disse que, na sua avaliação, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não tem ligação com milícias. A declaração foi dada durante entrevista concedida ontem ao programa Central GloboNews.
- Na minha avaliação, o presidente não tem nenhuma ligação com qualquer milícia ou qualquer grupo – afirmou Moro.
Moro disse que o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) vem enfrentando o crime organizado sem distinção em relação às organizações, embora ele afirme que, inicialmente, o foco das ações da sua gestão é o combate à facções criminosas como a que comanda o tráfico de drogas em São Paulo.
- Temos enfrentado o crime organizado como um fenômeno amplo. Todas as organizações. Eu sempre falei muito claramente que milícia também é crime organizado. Todo criminoso tem que ser combatido e o crime organizado em particular. Talvez, em certo nível, começa a ameaçar até o estado de direito. Não ignoro a ameaça das milícias, mas há outros grupos que, nacionalmente, são mais organizados. É o caso do PCC – disse o ministro.
As suspeitas sobre uma eventual ligação da família Bolsonaro com milicianos do Rio de Janeiro começaram a surgir após a revelação de que familiares do ex-capitão do Bope Adriano Nóbrega eram funcionários do gabinete de hoje senador Flávio Bolsonaro (RJ) quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Em 2005, por recomendação de Flávio Bolsonaro, Adriano Nóbrega recebeu a condecoração Medalha de Tiradentes, a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Questionado sobre a condecoração, Jair Bolsonaro disse que, à época, Adriano era um “heroi”.
Nóbrega, que morreu em uma operação policial no interior da Bahia em fevereiro deste ano, era apontado como um dos principais matadores da milícia conhecida como “escritório do crime”, da qual também faria parte o ex-PM Ronnie Lessa, que responde pela morte da vereadora pelo Rio de Janeiro Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
Dias após a morte de Adriano, Jair Bolsonaro chegou a sugerir uma perícia independente nos telefones celulares do ex-PM.
- Será que essa perícia poderá ser insuspeita? Eu quero uma perícia insuspeita. Não queremos que sejam inseridos áudios no telefone ou conversações no WhatsApp. Depois que se faz uma perícia que porventura a pessoa atingida pode ser eu, apesar de ser Presidente da República, quanto tempo levaria uma nova perícia? – disse o presidente na ocasião.