Os governos petistas criaram nada menos que 18 universidades federais desde 2003. Agora, o número chegará a 20: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de anunciar a criação de uma universidade para indígenas e uma para o esporte.
Para Lula, pouco importa que as universidades federais já existentes padeçam de crônica falta de recursos – em algumas delas, mal há dinheiro para pagar a conta de luz. De nada adianta argumentar que essas estruturas, uma vez estabelecidas, demandam manutenção, pagamento de salários e investimentos para os quais não há recursos disponíveis. O que interessa, para Lula, é exibir como façanha a produção em série de universidades federais, com a pretensão, segundo ele, de fazer o “filho do pedreiro virar doutor”.
Tudo muito nobre, mas claramente equivocado. Se a intenção é capacitar os jovens pobres a ingressar nas universidades, Lula faria bem se incentivasse a educação pública de qualidade desde a primeira infância. Mas tal iniciativa requer paciência e muito trabalho, além de ser invisível, ao passo que inaugurar universidades é rápido e vistoso para uma boa propaganda eleitoral.
As universidades recém-anunciadas são um primor de demagogia. A Universidade Federal Indígena (Unind), por exemplo, serve apenas para Lula afetar interesse pela causa dos povos originários. Quando anunciava a iniciativa, durante uma visita a uma aldeia no Pará, há um mês, o petista parecia envaidecido de seus feitos, pois em seu governo já tem “uma ministra indígena, a Funai indígena, o chefe da saúde indígena”, mas ele queria mais: em suas palavras, faltava “uma universidade indígena”.
O problema é que aos indígenas falta muita coisa antes de uma “universidade indígena”. Basta lembrar a agonia dos yanomamis sob o governo petista, ou o estado de miséria que outros povos indígenas enfrentam – e que levam muitos de seus integrantes a abandonar as áreas demarcadas em busca de uma vida melhor, como recentemente mostraram números do IBGE destacados nesta página, no editorial O êxodo indígena e quilombola (17/11/2025).
Já a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte), segundo Lula, servirá para ajudar jovens pobres a se tornarem atletas de alto rendimento. Para o presidente, essa é uma função do Estado, porque a iniciativa privada “só entra no jogo quando o cara já é famoso”. Deixemos de lado essa rematada bobagem, porque os vários atletas brasileiros de alto rendimento formados em clubes particulares, a maioria dos quais oriundos de famílias pobres, falam por si. Concentremo-nos na lembrança de que Lula prometeu fazer do Brasil uma potência olímpica a partir da onerosa realização dos Jogos do Rio, em 2016, e o resultado foi o sucateamento da maior parte da estrutura deixada como “legado olímpico”. Portanto, não é com uma “universidade do esporte” que o Brasil, como num passe de mágica, formará campeões.
Mas Lula, como sabemos, é incorrigível. Nem a “universidade do esporte” mudará a realidade do esporte no Brasil, nem a “universidade indígena” tornará a vida dos indígenas melhor, mas a inauguração de ambas dará boas imagens para sua campanha eleitoral.

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