PREFEITURA DE TRINDADE

SARGENTO EDYMAR

03 janeiro 2025

Prefeito teve posse suspensa devido a áudio no qual reclamou que votos comprados foram “caros demais”

 

Por Isabel Cesse

Nem chegou a dar tempo de ser empossado. O prefeito eleito do município de Choró, no Ceará, Carlos Alberto Queiroz (PSB), mais conhecido como “Bebeto do Choró”, teve sua posse suspensa pela Justiça Eleitoral na última quarta-feira (01/01). O motivo? Ele foi flagrado numa gravação obtida pela Polícia Federal reclamando do valor que gastou para comprar votos, afirmando que este ano, os votos que garantiram sua eleição foram “caros demais”.

O diálogo, conforme informações da PF, foi registrado em setembro passado, pouco antes do primeiro turno das eleições e teve a autenticidade da gravação confirmada por peritos. Desde aquele tempo, Queiroz vinha sendo investigado por suspeitas de compra de votos e abuso de poder econômico.

A decisão da Justiça eleitoral atendeu a pedido do Ministério Público do Ceará, fundamentado em provas obtidas pela Polícia Federal. Fazem parte das apurações referentes às operações ‘Ad Manus’, conduzida pela promotoria do MP e ‘Vis Oculta’, da própria PF. Ambas apuram fraudes e ilegalidades observadas nas eleições de 2024.

Segundo informações do MP e da PF do Ceará, os diálogos interceptados também indicam que o esquema de compra de votos se estendia a outras localidades, envolvendo a lavagem de dinheiro de emendas parlamentares. E apontam como principais investigados, além de Carlos Alberto Queiroz, também o deputado federal Júnior Mano (atualmente sem partido, expulso do PL em outubro passado por ter apoiado o candidato do PT à prefeitura de Fortaleza), o que levou parte do caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita sob relatoria do ministro Gilmar Mendes.

O vice-prefeito eleito, Bruno Juca Bandeira (PRD), também teve a posse suspensa por ser outro alvo das investigações. Com a suspensão dos dois, não teve outra alternativa a não ser a prefeitura ser assumida interinamente pelo vereador Paulo George Saraiva (PSB), conhecido como “Paulinho”. No seu discurso, o vereador e prefeito interino disse que a decisão judicial “representa um momento de transição e responsabilidade para o município”.

Entenda o caso

O município de Choré tem cerca de 12 mil habitantes e está localizado a 185 quilômetros de Fortaleza. Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público, o prefeito eleito, Carlos Alberto Queiroz, e sua irmã, Cleidiane de Queiroz Pereira, utilizavam empresas controladas por eles e “laranjas” para movimentar recursos e financiar a compra de votos.

Entre os benefícios oferecidos estavam dinheiro em espécie, gasolina, quitação de débitos e outros favores em troca de apoio político.  Um dos diálogos interceptados revelou interlocutor relatando que um eleitor pediu ajuda para regularizar a documentação de sua moto em troca de apoio ao então candidato.

Queiroz teria concordado em oferecer R$ 400 para garantir dois votos. Em outro momento, ele encaminhou um comprovante de transferência de R$ 500 e prometeu mais R$ 100 para gasolina, demonstrando o detalhamento do esquema.

As investigações, de acordo com informações em reservado de técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, seguem em curso, abrangendo mais de 51 prefeituras e possíveis irregularidades envolvendo outros agentes públicos. Em nota, o prefeito de Choró declarou “inocência” e disse ser “vítima de perseguição política”.

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