A ideia de privatização dos Correios voltou a ser questionada pelo deputado federal Gonzaga Patriota (PSB). O parlamentar destacou que os lucros obtidos em 2020 pela estatal foi o melhor resultado em pelo menos uma década, com liquidez de R$ 1,53 bilhão de reais e lamentou o fato de que, mesmo sem oferecer prejuízos financeiros, a empresa seja vendida pelo Governo Federal, ignorando a prestação de serviços que os Correios oferecem à população brasileira.
“Presente em todos os municípios brasileiros, os Correios, além de entregar correspondência e produtos, presta vários serviços em suas agências, principalmente nas cidades interioranas. Apesar de toda essa gama de serviços e do crescimento no patrimônio líquido da companhia, o Governo Federal, depois da Eletrobras, quer entregar os Correios à privatização”, lamentou Gonzaga Patriota.
O socialista ainda lembra que ao vender os Correios, milhares de trabalhadores serão demitidos e o Governo Federal estará destruindo mais uma das mais importantes empresas públicas do país. “Ao vender os Correios, empresa que tem lucro bilionário, milhares de trabalhadores, suas famílias e, principalmente, os usuários, serão brutalmente afetados, num momento onde o número de desempregados já é assustador, por conta da pandemia da Covid-19. Os Correios são um patrimônio brasileiro e devemos lutar para preservá-lo”, avalia.
O sucateamento dos Correios também foi lembrado pelo deputado. “Em 2011, por exemplo, eram em média 128 mil trabalhadores. Hoje esse número está defasado e, claro, que sem repor vagas, sobrecarrega os carteiros e funcionários e precariza os serviços prestados à população. O que os Correios precisam é que olhem para ele, invistam e valorizem o que ele representa”, salientou o socialista.
Desde 2010, os Correios tiveram lucro acima de R$ 1 bilhão de reais. Apenas em 2012 (R$ 1,113 bilhão). Entre 2013 e 2016, a estatal acumulou um prejuízo de R$ 3,943 bilhões, fruto de problemas de gestão e provisões para fazer frente aos rombos nos planos de Previdência (o Postalis) e de Saúde (o Postal Saúde), dos funcionários. A partir de 2017, a empresa começou a reverter os prejuízos, mas o desempenho melhorou mais, em 2020, quando veio na esteira da expansão do comércio eletrônico — modalidade que teve aumento de demanda, com a pandemia da Covid-19 e o maior número de pessoas em trabalho remoto.
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou em mãos o projeto de privatização dos Correios ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 24 de fevereiro. No dia 20 de abril, os deputados aprovaram requerimento de urgência para a proposta, o que permite que ela seja pautada a qualquer momento, na Câmara dos Deputados. O texto não define qual será o modelo de privatização, mas abre caminho para a venda dos Correios, ao liberar à iniciativa privada, a operação de serviços que hoje são de monopólio da União.
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