As autoridades sanitárias do Reino Unido estão acompanhando atentamente uma nova mutação da variante delta do coronavírus que está crescendo em número de casos no país.
A delta é a variante dominante entre os britânicos, mas os dados oficiais mais recentes sugerem que 6% dos casos que foram sequenciados geneticamente são de um novo tipo, o chamado AY.4.2 ou delta plus.
A variante delta plus, que foi confirmada pela primeira vez no Reino Unido em julho de 2021, já foi identificada em pelo menos 44 países, de acordo com dados do portal outbreak.info, que coleta estatísticas globais de covid.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos informou nesta quarta-feira (21/10) que a variante AY.4.2 ainda é “muito rara” no país, representando menos de 0,05% dos vírus sequenciados, com menos de 10 casos reportados.
Ainda assim, a autoridade americana diz estar monitorando de perto a nova variante, pois ela tem duas mutações na proteína spike – que liga o vírus às células humanas iniciando a infecção – que os especialistas avaliam que podem dar vantagens de sobrevivência ao vírus.
Uma análise está sendo realizada para entender o grau de ameaça que a nova variante pode representar. Mas acredita-se que é improvável que ela cause um aumento acelerado de casos ou escape da proteção das vacinas atuais.
“No momento não há evidências de que a sub-linhagem A.Y.4.2 impacta a eficácia de nossas vacinas ou tratamentos atuais”, afirmou o CDC americano.
As autoridades de saúde de Israel identificaram o primeiro caso no país na terça-feira.
O que é a AY.4.2?
Existem milhares de diferentes tipos – ou variantes – de covid circulando em todo o mundo. Os vírus sofrem mutações o tempo todo, por isso não é surpreendente ver o surgimento de novas versões.
A Delta original, primeiro identificada na Índia, foi classificado como uma variante de preocupação no Reino Unido em maio de 2021, após ultrapassar a variante Alpha (surgida no próprio Reino Unido), tornando-se o tipo dominante de covid em circulação no país.
Em julho de 2021, os especialistas identificaram AY.4.2.
Este desdobramento ou sub-linhagem de Delta tem aumentado lentamente em número de casos desde então. Ela inclui algumas novas mutações que afetam a proteína spike, que o vírus usa para penetrar em nossas células.
Até o momento, não há indícios de que seja consideravelmente mais transmissível em decorrência dessas mudanças, mas é algo que os especialistas estão estudando.
“É uma cepa potencialmente mais infecciosa”, diz o professor François Balloux, diretor do Instituto de Genética da University College London. “Não é nada comparado com o que vimos com a Alpha e a Delta, que eram algo em torno de 50% a 60% mais transmissíveis. Portanto, estamos falando de algo bastante sutil aqui e que está atualmente sob investigação.
‘Sem pânico’
“É provável que seja até 10% mais transmissível. É bom que estejamos cientes”, diz o especialista. “Nesta fase, eu diria não entrem em pânico. Pode ser um pouco, sutilmente mais transmissível, mas não é algo absolutamente desastroso como vimos anteriormente.”
O governo britânico diz que a nova variante “está sendo observada de perto” e que “ações serão tomadas se necessário”.
Mas os especialistas não acreditam que essa sub-linhagem seja responsável pelo recente aumento drástico de casos no Reino Unido.
“Como a AY.4.2 ainda tem uma frequência bastante baixa, um aumento de 10% em sua transmissibilidade poderia ter causado apenas um pequeno número de casos adicionais”, explica o professor Balloux.
O Reino Unido já está oferecendo doses de reforço da vacina às pessoas em maior risco antes do inverno no país para garantir que essas pessoas tenham proteção máxima contra o coronavírus.
Não há sugestão de que uma nova atualização de vacina seja necessária para proteger contra qualquer uma das variantes em circulação.
Análise de Michelle Roberts, editora de saúde da BBC
Os cientistas estão constantemente monitorando novas mudanças genéticas pelas quais a covid está passando.
Algumas variantes emergentes são preocupantes, mas muitas são irrelevantes. O trabalho difícil é localizar, rastrear e gerenciar aquelas que podem ser importantes.
O Reino Unido está na vanguarda na realização dessas análises laboratoriais, tendo concluído mais de um milhão de testes até agora.
O primeiro passo é escolher novas mutações que valham a pena acompanhar, como este novo desdobramento – AY.4.2.
Em seguida, se houver um forte indício de que as mudanças genéticas podem tornar o vírus mais contagioso, ele é classificado como uma variante sob investigação e mais verificações são feitas.
Se ficar claro que a nova variante pode ser mais transmissível e escapar de parte da imunidade acumulada pelas infecções ou vacinas, ou potencialmente causar doenças mais sérias, ela será movida para a categoria de variante de preocupação.
Neste momento, os especialistas não acham que a AY.4.2 seja uma ameaça mais séria – então, com o tempo, ela pode ser deixada de lado e sair da lista de observação.
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