PREFEITURA DE TRINDADE

SARGENTO EDYMAR

06 junho 2017

Doria: nosso inimigo é o PT

Folha de S. Paulo - Ana Luiza Albuquerque

Para o prefeito João Doria, a "hora de atacar" não chegou para o PSDB. O inimigo, segundo ele, é antigo. "É preciso ter a compreensão do momento certo de atacar e saber quem é o inimigo. O nosso inimigo é o PT, o inimigo do Brasil."
A declaração foi dada em reunião no Diretório Estadual do PSDB na noite desta segunda-feira (5), para tratar o eventual desembarque do governo de Michel Temer (PMDB), cujo julgamento da chapa presidencial que fez parte em 2014 começa nesta terça (6) no Tribunal Superior Eleitoral.
Doria afirmou que não cabe tomar decisões neste momento. "Temos amanhã um julgamento e precisamos confiar na Justiça."
"O fácil para o prefeito de São Paulo era não vir. Para que vou me expor? Mas esse não é o João Doria, o João Doria é guerreiro", continuou. "Muitas vezes, pelas boas causas, a precipitação pode levar a fragilização de um guerreiro. Pode condenar um exército vitorioso à derrota."
Doria disse que conversou com o governador Geraldo Alckmin antes da reunião e que sua fala estava autorizada por ele. "Nossa posição é indivisível, não há a menor possibilidade de dividirem Geraldo e João."
Alckmin, que não esteve presente na reunião desta segunda, se encontrou com Michel Temer na noite de sexta-feira (3) para reafirmar o apoio ao governo.
Em entrevista à imprensa após a reunião, Doria reforçou que o partido deve esperar a decisão do TSE para tomar a própria. "Temos que respeitar o rito da Justiça. Precipitar agora só prejudicaria as reformas e a estabilidade do país."
O deputado estadual Coronel Telhada reagiu à fala de Doria. "O que foi conversado lá fora é que o PSDB estava desembarcando. Não vale decisão do governador ou do prefeito, por isso que fomos chamados. Então não era preciso fazer reunião", disse à imprensa.
Também se manifestou contra o afastamento do governo o senador José Aníbal, que pediu para que o partido dê "o tempo da política". "Não queremos que no ano que vem prevaleça uma polarização salvacionista, Bolsonaro, Lula... Isso só vamos conseguir se o Brasil voltar a crescer. Esse espírito de tentar resolver as coisas de 'bate pronto' leva a muitos equívocos."
O deputado estadual Barros Munhoz defendeu a permanência da legenda por entender que São Paulo precisa dos investimentos que "ficou 12 anos sem ter".
Ele aproveitou para atacar a Operação Lava Jato, que considera mais "perniciosa" do que a ditadura militar. "Quem já foi vítima disso, de 'promotorzinho' que para aparecer persegue prefeito, empresário, sabe do que estou falando. Ninguém aguenta mais essa ditadura, é muito mais perniciosa que a ditadura militar."
Entre os que se manifestaram a favor do desembarque, aplaudidos pelo auditório, estão Pedro Tobias, presidente do Diretório Estadual, que considera "péssimo" que o partido tenha entrado no governo Temer, e o presidente da Assembleia Legislativa, Cauê Macris, da corrente dos "cabeças pretas" (em oposição aos "cabeças brancas", da cúpula do partido), para quem "os fins não justificam os meios".
Também defenderam o desembarque o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, que se disse envergonhado por apoiar um governo "que faz reuniões de madrugada", e o vice-presidente Nacional do PSDB, Carlos Sampaio. "Quero a transição com reformas. Hoje a preocupação de Temer é muito mais manter-se no cargo do que fazer as reformas. Ser responsável é lutar pelo país, não manter-se em um governo que perdeu a credibilidade", declarou Sampaio. 

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