A manifestação do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump (Partido Republicano), ontem (7), em defesa do ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL) animou a militância de extrema-direita no país. Trump disse que “o Brasil está fazendo uma coisa terrível” contra o ex-mandatário, o que considera uma “caça às bruxas”.
A postagem em rede social já era esperada. Eduardo Bolsonaro (PL), filho do capitão, articula-se pessoalmente, há meses, com parlamentares norte-americanos o acesso a Trump e sua fala pública em apoio ao pai.
Embora reforce a narrativa de perseguição ao ex-presidente, a declaração de Trump não deve ter efeito prático nas intenções de voto para 2026, por vários motivos. O primeiro é a própria inelegibilidade de Bolsonaro. Inevitavelmente, ele terá de apoiar outro nome, não contando, assim, com o engajamento direto de Trump.
Um segundo motivo é a robustez dos processos contra o capitão na Justiça brasileira. Independentemente de a bolha bolsonarista gostar ou não, há embasamento contra Bolsonaro nos processos por tentativa de golpe e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Pouco importa a opinião de Donald Trump diante dos fatos.
A publicação de Trump também surge num momento de virada da esquerda brasileira, que finalmente tem conseguido vencer a extrema-direita nas redes sociais. Ao se aproximar das pautas da maioria, como a redução da jornada de trabalho — com a derrubada da escala 6×1 — e a defesa da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a esquerda reconstrói seu diálogo com a população, preocupada em melhorar de vida.
Do ponto de vista narrativo, enquanto a esquerda oferece mudanças reais no cotidiano dos brasileiros, a extrema-direita se concentra em anistia e defesa de Bolsonaro — pautas que não alteram em nada a rotina dos trabalhadores, da classe média, dos microempreendedores, dos autônomos, das mulheres sobrecarregadas e de quem busca uma chance.
Nem o presidente dos Estados Unidos mudará essa realidade. Ele, aliás, está bem distante do povo brasileiro e prefere assim: dificulta a entrada de estrangeiros nos EUA e não perde oportunidade de mandá-los de volta. Além dos motivos citados, há ainda o desgaste da polarização. Cientistas políticos entrevistados por este blog são categóricos: a fala de Trump nada mais é do que “pregação para convertidos”.
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