Múcio, o tertius?
Na inviabilidade da ainda considerada candidatura natural de Geraldo Júlio ao Governo de Pernambuco, o ex-ministro José Múcio Monteiro, do Tribunal de Contas da União, poderia despontar como opção de tertius. Pelo menos é o que vem sendo especulado em Brasília nos últimos dias, na medida em que as notícias sobre as consequências das operações da Polícia Federal envolvendo investigação de recursos da pandemia comprometem Geraldo e assessores mais próximos.
Múcio goza de prestígio e amizade com o ex-presidente Lula, de quem receberia a indicação para a cúpula do PSB estadual. Foi ministro da Articulação Política do Governo Lula e por ele indicado ao Tribunal de Contas. Sua missão naquela corte já foi encerrada com muito sucesso, tendo se aposentado logo após cumprir dois anos como presidente. Com trânsito fácil em Brasília, Múcio continuou a morar na cidade, mas voltou a ter ligações diretas com Pernambuco.
Um deputado da bancada federal lembra que o Estado está carente de lideranças de envergadura, o que tem de sobra em José Múcio. Fala-se até que, no caso dele vir a ser escolhido como candidato alternativo, seu ingresso partidário seria via o PSB. Com assento no poder há 15 anos, o partido não quer perder o direito da indicação da cabeça de chapa para o Governo do Estado numa eventual aliança com o PT.
Por muito tempo, José Múcio militou no PTB, mas teve que se desligar tão logo assumiu a vaga de ministro do TCU. Com trânsito fácil em todos os partidos que integram a aliança governista em Pernambuco, não teria nenhuma dificuldade em ser acolhido no PSB. Em entrevista ontem ao Frente a Frente, ele negou que tenha feito qualquer articulação para buscar filiação partidária com vistas ao processo eleitoral de 22 em Pernambuco.
"Nunca tratei de qualquer assunto de 22 com Lula, com quem, aliás, tem tempo que não me encontro", afirmou. Múcio pode estar escondendo o jogo. Ele pode até não querer entrar no jogo sucessório de Paulo Câmara, mas tem muita gente torcendo por isso. Outro deputado chegou a lembrar até o nome do secretário da Casa Civil, José Neto, como o melhor candidato a vice numa chapa encabeçada por José Múcio.
Covidão no grito – Na visita do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ao Agreste pernambucano, na semana passada, o presidente estadual do PTB, Coronel Meira, perdeu a paciência com o discurso de lideranças da região culpando o Governo Bolsonaro pelo agravamento da pandemia no Estado. Diante de um discurso radical de um vereador em Garanhuns, Meira explodiu. Pegou o microfone e dedo em riste afirmou: "Acabe com essa conversa mole, vereador. O maior culpado em Pernambuco é o seu PSB, que desvia dinheiro da Covid. O maior responsável pelos desvios é o seu prefeito Geraldo Covidão". O vereador calou-se.
Auxilio de R$ 12 bi – O ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que a extensão do auxílio emergencial deve ser custeada por R$ 12 bilhões de crédito extraordinário (emissão de dívida pública) e R$ 7 bilhões que já estão disponíveis no orçamento do programa. Segundo o ministro, é “muito razoável” fazer essa despesa extra já que a vacinação não alcançou toda a população adulta (ele espera que isso ocorra até setembro). Guedes pontuou ainda que o governo está aumentando suas receitas por causa de uma melhora da economia, o que deve diminuir o deficit público.
Não deu em nada – Apesar de considerar cordial o gesto do governador Paulo Câmara em receber uma comissão de parlamentares da Assembleia Legislativa para falar sobre a ação da Polícia Militar no protesto do último dia 29, o deputado estadual Antonio Coelho (DEM) mostrou-se reticente com os argumentos apresentados. O líder da Oposição na Casa afirmou que a impressão passada durante a reunião é de não haver consenso no governo sobre de onde partiu a ordem para a polícia agir. O parlamentar, inclusive, reafirmou a disposição da bancada em buscar o esclarecimento dos fatos e defendeu a importância da abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa.
TCU investiga servidor – O Tribunal de Contas da União (TCU) informou, ontem, que vai apurar a conduta do servidor que escreveu uma nota apontando suposta "supernotificação" no número de mortes por Covid-19 em 2020. O documento foi citado pelo presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira como se tivesse sido produzido pelo próprio TCU. O Tribunal de Contas negou a autoria e, nesta terça, Bolsonaro admitiu ter errado na declaração. O TCU ressaltou, ainda, que as informações divulgadas no documento “não encontram respaldo em nenhuma fiscalização" do tribunal. O tribunal vai abrir procedimento interno para investigar o caso.
Nova onda – Em seu segundo depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, ontem, que há a tendência de o Brasil viver uma nova aceleração das mortes pela doença, sem, no entanto, admitir a iminência de uma 3ª onda de contágio. Ele reforçou que o chamado tratamento precoce com remédios como cloroquina e ivermectina não tem eficácia e declarou ter foco exclusivo na ampliação da campanha de vacinação. “Para mim, ainda não está caracterizada uma terceira onda. Eu acho que estamos ainda nessa segunda onda e num platô elevado de casos. E a minha esperança para conter isso é a vacina”, declarou o ministro.
CURTAS
VALIDADE – O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, informou que os 3 milhões de doses da vacina da Janssen que devem chegar ao Brasil na semana que vem têm prazo de validade até 27 de junho. Como o imunizante é importado, o país terá de 10 a 14 dias para receber, distribuir e aplicar todas as doses. Segundo Carlos Lula, o Ministério da Saúde consultou o Conass e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) para saber como proceder com a oferta de antecipação da farmacêutica mediante com um prazo de validade apertado.
COMÉRCIO – Pernambuco fechou o mês de abril com a maior alta no comércio varejista do ano. Com acréscimo de 8,2% no setor, o Estado teve um resultado quatro vezes maior do que o nacional, que fechou o mesmo período com alta de 1,8%. No resultado regional, Pernambuco ficou atrás apenas da Bahia, cuja elevação foi de 10,4%. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE.
Perguntar não ofende: O Congresso vai ter recesso em julho em tempos de pandemia?