Método do pastor evangélico prioriza ataque a adversários em vez de pedir votos
O Globo - Maiá Menezes e Thiago Prado
Candidato do nanico PSL àPresidência da República, o deputado federal Jair Bolsonaro aposta todas as fichas nas redes sociais para propagar sua campanha pelo país. O parlamentar está prestes a acertar o reforço de um exército na estratégia para compensar o pouco tempo que terá na televisão a partir de agosto. O pastorSilas Malafaia, uma espécie de “influencer” evangélico, decidiu usar sua teia digital em prol da candidatura de Bolsonaro. Há duas semanas, um encontro na sede da Associação Vitória em Cristo começou a pavimentar o caminho para o apoio nas eleições. Participou da conversa o senador Magno Malta (PR-ES), cotado para ser vice do deputado.
— Bolsonaro é o único que defende diretamente a ideologia da direita. Ele encarna os valores mais caros ao nosso povo na questão dos costumes. Pode anotar, 80% do voto evangélico irá para Bolsonaro nestas eleições — afirma Malafaia, de olho na provável saída de Lula do jogo eleitoral. — Se ele (Lula) fosse candidato, não haveria esta proporção porque parte do voto popular evangélico iria para o petista graças ao Bolsa Família.
O pastor pretende repetir um método utilizado nas eleições municipais de 2016, quando priorizou atacar adversários em vez de pedir votos para os candidatos que apoiava.
No encontro com Bolsonaro há duas semanas, Malafaia sugeriu que o deputado escolha uma vice mulher ao invés de Magno Malta.
— Magno não agrega. Esse apoio evangélico, Bolsonaro já terá sem um vice do segmento — afirmou o pastor, ciente da rejeição de Bolsonaro diante do público feminino.
Para quem tem dúvidas quanto ao clima que o STF espera enfrentar nos tempos que se aproximam: um edital publicado semana passada convocou empresas interessadas em alugar grades para cercar o tribunal, em perímetro capaz de manter longe do prédio qualquer intruso.
Para alguém que fala pelos cotovelos, especialmente quando o tema é segurança pública, cala fundo o silêncio do capitão-deputado Jair Bolsonaro (PSL), que tem se omitido sobre o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL). Bolsonaro não é só o candidato presidencial da direita e da bancada da bala, foi eleito pelo mesmo Rio de Janeiro de Marielle. Há forte possibilidade de que Marielle tenha sido assassinada por policiais-bandidos, fardados ou milicianos – menos por criticar a intervenção no Rio e mais por denunciar sistematicamente a violência policial em áreas pobres do Rio, como Acari, na Zona Norte, onde fica o temido 41º Batalhão da Polícia Militar, o mais letal do estado. Piadista, Bolsonaro, único dos treze pré-candidatos à Presidência que não se manifestou, mandou dizer que está com intoxicação alimentar e não poderia falar.

Sergio Roxo – O Globo
Do ponto de vista político, a eventual prisão vai acirrar ainda mais os ânimos no país. Deverá dividir ainda mais o Brasil.
