Recife quer Dilma fora
No Recife, o ato contra a presidente Dilma foi realizado na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, atraindo cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores. As pessoas começaram a chegar por volta das nove horas, mobilizadas pelos movimentos Brasil Livre e Vem Pra Rua. O protesto durou até as 12h30, quando a marcha chegou ao Segundo Jardim.
Pouco depois disso, os trios elétricos foram desligados e os manifestantes começaram a dispersar. A concentração aconteceu na frente da Padaria Boa Viagem, esquina com a Rua Padre Bernardino Pessoa. A cantora Nena Queiroga cantou o hino nacional em cima de um trio elétrico, para dar início à marcha.
"A maior arma é a nossa voz. A gente tem voz e vez quando sai de casa”, disse. O Comando Geral da Polícia Militar decidiu não divulgar cálculos sobre números de participantes do ato público. De acordo com a assessoria da corporação, a "medida visa garantir que não haja divergências de números entre os diversos órgãos envolvidos no evento, esclarecendo, ainda, que tal informação não compete à Polícia Militar, que trabalha, apenas, com números estimados".
Nos cartazes, eram vistos pedidos para a saída de Dilma Rousseff da Presidência, a inscrição '#Lulanuncamais' e palavras de ordem. A grande maioria das pessoas vestiu as cores verde e amarela. Apitos, cornetas e narizes de palhaço estiveram entre os itens usados pelos manifestantes. Até mesmo uma orquestra de frevo participou do protesto, com um boneco gigante em referência ao juiz Sérgio Moro e à Operação Lava Jato.
Defendendo também o liberalismo, o Movimento Brasil Livre (MBL) pediu menos intervenção do governo federal nas decisões. "Não pedimos a simples saída da presidente Dilma, mas sim a abertura do processo de impeachment. Queremos menos interferência de Brasília, de decisões centralizadoras. Os partidos políticos têm roubado o protagonismo do povo", disse Pedro Jacob, um dos coordenadores do MBL no Recife.
O Vem Pra Rua passou um abaixo-assinado para apoiar as dez medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal no Paraná. O grupo vai encaminhar as assinaturas para Curitiba. "Nós pedimos o 'fora Dilma' dentro da lei. O Vem Pra Rua defende três bandeiras: a democracia, a ética na política e o Estado efetivo e desinchado. Não adianta apenas mudar o governo, precisa lidar com a corrupção", disse o advogado Gustavo Gesteira, porta-voz do movimento no Estado.
PAU NA GLOBO– Diante do recuou dado na cobertura do escândalo da Lava Jato, a TV-Globo foi expulsa do protesto pelo impeachment da presidente Dilma, ontem, praia de Copacabana, no Rio, após gritos de "Fora Globo" puxados pelo carro de som do Revoltados Online e do Movimento Vem Pra Rua. Uma minoria tentou apoiar o trabalho dos jornalistas, mas os profissionais, xingados, tiveram de ser escoltados pela PM para deixar o local. O repórter Paulo Renato Soares e outros quatro profissionais da Globo acabaram impedidos de realizar seu trabalho.
Botou a cara - Desde o início das manifestações contra a presidente Dilma, ontem foi a primeira vez que o senador Aécio Neves (PSDB), derrotado pela petista nas eleições passadas, esteve presente. “Chega de tanta corrupção, o meu partido é o Brasil”, disse Aécio num palanque improvisado em cima de um trio elétrico. Ele cantou o hino nacional com os manifestantes e foi ovacionado pela multidão que gritou: “Aécio, Aécio”. O senador também foi para o meio da multidão e tirou muitos selfies. Ele estava acompanhado de lideranças políticas do PSDB.
Povo protesta– No manifesto na Avenida Boa Viagem, algumas pessoas sem ligação com qualquer um dos movimentos também fizeram questão de protestar. Funcionários dos Correios vestiram camisas amarelas com 'Postalis' estampado, em referência ao fundo de pensão da estatal. "Não interessa se houve roubo antes no Brasil, isso não justifica continuar roubando. Tem que mudar essa situação, tem que ter consequências. Desviar fundo de pensão é desviar nossos salários", afirmou a economista Cláudia Coutinho, que trabalha nos Correios.
Mentira e impeachment– Deputados federais pernambucanos da oposição se uniram ao protesto de ontem em Boa Viagem. "O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho, uma das principais lideranças do Congresso no ato, afirmou: "Vim protestar contra a mentira que levou a presidente Dilma a ser reeleita. Dar o grito de protesto contra a situação que o Brasil está vivendo", afirmou. Para ele, Brasília viverá esta semana uma semana decisiva, que pode acelerar o processo de impeachment da presidente.
Nem Lula escapou– Os manifestantes que foram às ruas em todo o País, ontem, pedir o impeachment da presidente Dilma, não pouparam também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja popularidade chegou à casa dos 80 por cento no período em que comandou o País. Em Brasília, num ato que reuniu mais de 50 mil manifestantes na Esplanada dos Ministérios, um enorme boneco inflável fazia referência a um Lula vestido de presidiário em meio aos manifestantes vestidos de verde e amarelo.
CURTAS
CONTRAPONTO– Em São Paulo, os participantes da manifestação se reuniam no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista. Em um contraponto aos protestos anti-PT, militantes do partido e sindicalistas se reuniam em frente à sede do Instituto Lula, na zona sul da cidade, com bandeiras do PT e cartazes de defesa da democracia.
MORTE– Faleceu na noite do último sábado, o ex secretário de Minas e Energia do segundo governo de Arraes, Drummond Xavier. Líder Estudantil na década de 60, Xavier foi também exilado político na França e Argélia, onde Arraes se exilou. O sepultamento ocorreu, ontem, por volta das 16 horas, no cemitério Parque das Flores.