Por Rudolfo Lago – Correio da Manhã
Para além da própria disputa de quem comandará o país a partir de 2026, muito provavelmente a guerra principal entre governo e oposição será no Senado. Os partidos de oposição, com o PL à frente, começaram a se preparar para tentar, no ano que vem, eleger mais de 41 senadores. Ou seja, obter a maioria. O número é emblemático.
Com mais de 50% do Senado, eles conseguirão emplacar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal. O alvo principal é mais do que óbvio: Alexandre de Moraes. Nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, falou sobre a necessidade de organização do PT e dos demais partidos do governo para obter o contrário. Nessa guerra, os dois lados começam a organizar seus mapas.
Se hoje já é um problema para o governo ser minoria no Congresso, a oposição quer acentuar isso ainda mais. As pesquisas mostram ainda Lula favorito para a Presidência. Mas ele pode viver um quadro ainda mais complicado na relação com o Congresso.
O PL começou a se organizar no sentido de fazer com que o ex-presidente Jair Bolsonaro apadrinhe uma candidatura mais de direita e outra mais moderada para cada uma das disputas nos estados para o Senado. E, assim, obter a maioria, especialmente no Sul e Sudeste.
O governo ainda precisa organizar com o PT a sua estratégia. Há um primeiro ponto que, no caso do PT, é sempre complicado: o partido abrir mão da sua hegemonia para apoiar candidatos de outros partidos que parecem ter mais chance. O caso mais emblemático disso foi em 2020, quando Jilmar Tatto disputou a prefeitura de São Paulo e perdeu feio para Bruno Covas (PSDB). Tivesse se unido com Guilherme Boulos (Psol), que disputou o segundo turno com Covas, talvez tivesse produzido outro resultado. Agora, diante dos riscos, a ideia inicial é que o PT de fato abra mão de candidaturas próprias para apoiar nomes que pareçam ter mais chance.
Há uma expectativa de conversa do Grupo de Trabalho das Eleições (GTE) na próxima semana, no dia 9, depois que Lula voltar da viagem que fará à França. Mas não está confirmada. Na semana seguinte, haverá reunião do Parlasul, em Assunção, no Paraguai.
Depois, o feriado de Corpus Christi e as festas de São João. Em julho, já serão as eleições para a nova presidência do PT, que deverá ficar mesmo com o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva. Dentro do PT, já se imagina que talvez a discussão eleitoral fique mesmo para ele fazer.
No papel, a ideia é que o GTE com o Diretório Nacional se debruce de fato nas pesquisas para verificar as chances estado por estado, ampliando mesmo as alianças para além de partidos de esquerda. Um exemplo: Alagoas é um território do MDB do senador Renan Calheiros.
É fundamental para o PT e o governo manter a hegemonia que tem no Nordeste. Mas que pode estar diminuindo, de acordo com o que mostram pesquisas de popularidade mais recentes. Mas também encontrar alternativas competitivas nas demais regiões do país.
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