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28 fevereiro 2025

Impopularidade como a de Lula e inflação andam juntas e, quando disparam, ninguém segura

 


Impopularidade de presidentes é como inflação: ambas começam por motivos objetivos, concretos, passam a sofrer efeito psicológico, se retroalimentar e fugir do controle. O presidente Lula enfrenta impopularidade e inflação em alta mesmo tempo, até porque as duas têm tudo a ver e, juntas, foram decisivas, por exemplo, para Donald Trump e Javier Milei derrotarem os candidatos à reeleição nos Estados Unidos e na Argentina.

E não estavam sozinhas, pois foram e são embaladas pela crise e o descrédito do sistema político e das instituições mundo afora e foram e são massificadas pela orquestração da oposição na internet, que se transformou no grande fator político, capaz de embolar o jogo e confundir líderes e opinião pública.

A pesquisa Quaest desta semana é devastadora para Lula, reprovado por mais de 60% em São Paulo, Minas e Rio, os maiores eleitorados do País, e em queda acentuada em Pernambuco, seu estado natal, onde é campeão de votos faça chuva ou faça sol, e na Bahia, governada pelo PT há duas décadas. Aliás, por Rui Costa, chefe da Casa Civil, e Jaques Wagner, líder do governo no Senado. Lula venceu em 2022 por uma margem apertada de votos. E sem o Nordeste?

Lula 3 concilia um líder cansado e desatualizado, falta de estratégia, rumo e marca, base parlamentar frágil e oposição feroz e ativa nas redes sociais, sem perspectiva de melhora. Lula, seu governo, o Congresso e a oposição não vão mudar – nem com a “reforma ministerial”, que está virando dança de cadeiras do PT, nem com a eventual, ou previsível, prisão de Jair Bolsonaro.

Lula teve o grande momento na vitória, na posse colorida, no enfrentamento ao 8/1 e o belo slogan “o Brasil voltou”, mas foram todos simbólicos, animadores de torcida. O problema começou junto com a rotina, decisões, ações, sinalizações, quando foi ficando claro algo um tanto constrangedor: Lula não tinha assimilado as mudanças do Brasil e do mundo, nem na política, nem na economia, nem na comunicação. Estava no passado.

Teria sido fácil brilhar na comparação com Bolsonaro em política externa, saúde, educação, cultura, ambiente… mas alguém é capaz de lembrar de algum golaço em alguma delas? O que todos lembramos é de Lula estendendo tapete vermelho para Maduro, a dengue disparando, as interferências na Petrobras, a insistência na exploração de petróleo na Margem Equatorial no ano da COP-30 no Brasil.

Se algo andou bem foi na economia no primeiro ano, com surpresas positivas no PIB, emprego, inflação, mas, assim como São Sidônio Palmeira, também Dom Fernando Haddad não faz milagre e vem dando sinais de cansaço e isolamento ao ser atacado pelo PT, confrontado pela Casa Civil e desautorizado publicamente por Lula. Nem se sabe qual é, afinal, a política econômica do governo.

Sobre Janja, não se fala, mas não custa lembrar que Lula reclamou pelas redes sociais de uma coluna minha publicada neste espaço, em setembro de 2021, que me parece bem atual. Título: “Golpe de Mestre”. Um golpe de mestre que Lula não soube dar.

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