PREFEITURA MUNICIPAL DE TRINDADE

01 fevereiro 2016

Geradores: procura sobe 400%

Teve empresa que não conseguiu suprir o aumento da demanda

O fenômeno conhecido como Vórtice Ciclônico de Atos Níveis (VCAN), que provocou as fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife e deixou mais de 170 árvores no chão e 100 postes danificados, obrigou muita gente a recorrer a geradores de energia. De acordo com as empresas que alugam os equipamentos, a demanda aumentou cerca de 400%. Foi o que confirmou a proprietária da A Fonte, Marayza Moura, que atende desde pessoas físicas a residências, condomínios, hospitais e hotéis.

“A demanda foi tão grande que não conseguimos atender a todos. Foram clientes da Capital e Região Metropolitana”, contou ela. O aluguel do equipamento em sua empresa fica entre R$ 500 e R$ 2 mil, dependendo da potência do gerador, no caso da Fonte, que vai de 50 a 500 KVA, e da localização do cliente. Ainda de acordo com ela, a procura continuou mesmo depois do restabelecimento de energia porque as pessoas ainda estão com receio de novas quedas de transmissão.

Já o diretor da Geravaz Geradores, Bruno Lucena, revelou que faltaram equipamentos para atender tantos novos clientes. “Foi de salão de beleza, passando por casas de eventos e empresas que comercializam alimentos”, detalhou ele, que recorreu a alguns parceiros do mesmo setor, sem muito sucesso. “Contabilizamos um aumento enorme na procura pela máquina, especialmente no aluguel stand by, para atender aqueles clientes que tem energia ou um gerador próprio, mas tem receio da falta repentina”. Na sua empresa, o aluguel vai de R$ 1.100 a R$ 1.800, também dependendo da potência do gerador. “Teve restaurante de comida japonesa, em Casa Forte, que não pudemos atender”, lamentou.

A empresária Jane Suassuna não pensou duas vezes para alugar um equipamento. Ela é proprietária de uma buffet, em Casa Forte, Recife, e precisou alugar mais um equipamento, além do já existente na empresa para utilizar, caso necessário, no fim de semana. A energia na localidade só foi restabelecida depois das 22 horas do sábado, 30. Suassuna teve dois gastos extras. O primeiro no valor de R$ 1.800 pelo aluguel de equipamento, além de R$ 1.300 pelos 400 litros de óleo diesel. No entanto, ela disse que sequer pensou em acionar a justiça para ser ressarcida do prejuízo. “O transtorno foi muito grande. Foi difícil locar um novo gerador de energia. Mas não sei como apontar um culpado. Vejo como uma ação da natureza”, avaliou.
Abastecimento
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) retomou, ontem, a operação de 22 sistemas de abastecimento de água, de um total de 25 afetados com a falta de energia elétrica desde a última sexta. A companhia priorizou as maiores unidades afetadas, a exemplo da Estação de Tratamento de Água Botafogo, que atende as cidades de Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima e a estação do sistema Alto do Céu, responsável pelo abastecimento de áreas do Recife e dos morros da Zona Norte da Capital. A regularização do abastecimento seguirá de acordo com o calendário habitual de cada bairro. A previsão é voltar a operar os demais sistemas ainda hoje, quando deverão ser concluídos os serviços da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe).

A Compesa, no entanto, ressaltou a complexidade da operação de sistemas integrados de distribuição de água, como é o caso da RMR e alerta que o retorno do abastecimento precisa seguir alguns procedimentos até a sua regularização. Em média, dependendo do porte do sistema, a companhia precisa de um período entre oito a 12 horas para que a água seja bombeada e tratada, antes do início da distribuição de água. “Diferentemente do setor elétrico, a água não chega nas casas das pessoas no mesmo momento em que um sistema volta a operar. As tubulações vazias, quando ocorrem as paralisações dos sistemas, precisam receber água de forma gradual para que não ocorram estouramentos”, explicou o diretor Técnico e Engenharia da Compesa, Rômulo Souza.
Protestos
Moradores de várias localidades atingidas no Grande Recife protestaram contra a falta de luz e água em suas casas. Muitos, inclusive, estão mais de 40 horas sem energia elétrica. No bairro de Dois Irmãos, na Zona Norte do Recife, os manifestantes fecharam a rua Dom Manoel de Medeiros, próximo ao campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Chegaram a queimar galhos e papelões durante o protesto. Na BR-101, os protestantes bloquearam a rodovia, nas proximidades do Hotel Love Sky. As pessoas queimaram pneus pra chamar a atenção das autoridades. As chamas, inclusive, quase atingiram a rede elétrica no local. Já na BR-232, as manifestações ocorreram na altura da cidade de Bonanza. À noite, a avenida Abdias de Carvalho também foi palco de manifestação.

Além disso, duas rodovias foram fechadas, na noite do último sábado, também em protesto à falta de energia. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), moradores do município de Pombos mantiveram a via fechada na altura do quilômetro 37. Foi registrado protesto também na BR-101, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife. Já na avenida Norte, próximo ao prédio da Fiepe, moradores fecharam os dois sentidos da via. Já são 25 mil famílias sem luz, de acordo com a Celpe. Para acelerar o reestabelecimento de energia em alguns pontos da Capital e Região Metropolitana, a Companhia recebeu um reforço de 30 equipes da Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern), empresa que também integra o Grupo Neoenergia. 

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