14 fevereiro 2025
Lula precisa deixar o Banco Central trabalhar em paz
Para reeguer a popularidade do governo, em baixa nas pesquisas, o presidente Lula foi aconselhado por seus marqueteiros a aparecer e falar mais. A julgar pelas entrevistas e discursos mais recentes, a melhor forma de Lula atingir seu objetivo seria fazer o contrário e cultivar a discrição. As intervenções do presidente na área da economia têm sido divisivas, arranham a credibilidade do ministro da Fazenda e trazem custos, como a elevação dos juros futuros, que ditam o preço do dinheiro a consumidores e empresas.
Ao falar ontem à Rádio Diário FM, de Macapá, Lula disse “ter certeza de que o Galípolo vai consertar a taxa de juros neste país”, o que seria apenas questão de tempo. No dia 6, afirmara que a inflação dos alimentos foi causada pela alta do dólar e pela “atuação irresponsável do BC”, que na gestão anterior armou uma “arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para outra”. Lula tem insistido em estabelecer uma clivagem entre o que foi o BC dirigido por Roberto Campos Neto, a quem fustigou o tempo todo por ter sido escolhido por Jair Bolsonaro, e o que será o BC em seu governo, com Gabriel Galípolo na presidência.
Galípolo fez a ponte entre Lula e o mercado financeiro durante a campanha eleitoral, participou da equipe de transição do governo e foi o número dois do Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad. Campos Neto teve trajetória parecida, mas no campo de Bolsonaro.
Lula tem várias implicâncias com o Banco Central e uma das principais é que não pode mandar na instituição. O BC ganhou autonomia formal, um arranjo sob o qual, com variações, convivem seus congêneres nos países desenvolvidos. Com o PT e aliados minoritários no Congresso, o governo não conseguiria mudar a situação e passou a criticar a política monetária, com consequências nefastas.
Ao realçar o fosso entre a política monetária contracionista e a política fiscal expansionista, da predileção de Lula, os mercados passaram a considerar o então futuro dirigente da instituição, Galípolo, com a mesma desconfiança com que Lula via Campos Neto, ou seja, como um dirigente que aceitaria a ingerência do Planalto nos rumos da política monetária. Nada disso ocorreu até agora.
As declarações de apreço de Lula por Galípolo, além de não dizerem nada que possa mudar a percepção da população, têm o condão de aumentar a desconfiança nos mercados. O presidente vende a política do presidente do BC como se ela fosse muito diferente da de seu antecessor, como se Galípolo não tivesse participado por um ano como diretor de política monetária da instituição. Lula insinua que haveria uma orientação política distinta própria de Galípolo que ele ainda não teria podido manifestar, como a de, nas palavras de Lula, “consertar os juros”, isto é, reduzi-los bastante.
Ontem Galípolo fez uma explanação convencional sobre a atuação do BC para enfrentar a inflação, afirmando que o “remédio” dos juros altos vai funcionar e que a instituição mostrou que pode “colocar a taxa de juros em patamar restritivo e seguir nessa direção”. Não há qualquer indício de que os juros estejam fora do lugar e precisem de conserto, nas falas do presidente do BC.
Por enquanto, as alocuções de Lula são mais a expressão de um desejo, sem base na realidade. Mas palavras de um presidente da República têm peso e elas ficarão na memória dos investidores, à espera de detectar um mínimo que seja que pareça ortodoxia de Galípolo e que possa reforçar uma suspeita ventilada por Lula. É um peso que Galípolo não precisaria carregar.
Lula e o PT foram contrários à independência do BC e ao sistema de metas de inflação. Ele gostaria de ter ascendência sobre a instituição. A última vez que isso ocorreu, com a presidente Dilma Rousseff, a inflação ultrapassou dois dígitos, acentuando um clima de crise que culminou na maior recessão em quase um século.
O presidente Lula deixou várias vezes ao relento o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em sua cruzada por alguma austeridade fiscal na atual gestão. Primeiro, desdenhou publicamente da necessidade de superávits fiscais. Em um de seus atos de maior consequência, incluiu em um pacote de ajuste fiscal, concebido para aplacar a desconfiança
dos investidores sobre a trajetória do endividamento público, medidas que derrubarão as receitas (a isenção de IR para até cinco salários mínimos). Quando, sob sua inspiração, as metas fiscais foram mudadas já no primeiro ano do novo regime fiscal, o dólar deu um salto. Após o anúncio, em novembro, do pacote pífio que mal continha gastos, o dólar ultrapassou R$ 6.
Ao contrário das avaliações colegiadas do BC, seja com Campos Neto, seja com Galípolo, Lula não acha que o enorme avanço dos gastos públicos em sua gestão tenha empurrado os índices de preços de novo aos dois dígitos, nem que essa seja uma das causas da inflação. Ainda que não tenha formulado em público uma teoria a respeito, o presidente crê que o crescimento depende dos investimentos e dos gastos do Estado.
Agora, enquanto os juros apontam para a lua, Lula pretende aumentar o crédito via bancos públicos, desacreditando da importância de esfriar a demanda para conter os preços. Toda vez em que pensou em voz alta, piorou bastante as condições em que opera o ministro da Fazenda, que já tem problemas em demasia para resolver.
13 fevereiro 2025
Prefeitura de Araripina lança Circuito Araripinense de Vaquejada com 8 etapas e grande final no Avenida Joaquim Afonso
A Prefeitura de Araripina, por meio da Secretaria de Esportes, anuncia o Circuito Araripinense de Vaquejada 2025, um grande evento que percorrerá distritos, sítios e serras do município, promovendo o esporte e valorizando os vaqueiros da região. Com oito etapas entre março e outubro, o circuito terá sua Grande Final no Arena Joaquim Afonso, onde os campeões disputarão uma moto CG 150 START e uma moto Honda POP. Além de celebrar a cultura nordestina, o evento promete movimentar a economia local e fortalecer Araripina como referência na vaquejada.
O prefeito Evilásio Mateus (PDT) destacou a importância da iniciativa para o município e para os vaqueiros araripinenses. “É uma grande satisfação proporcionar um circuito de vaquejada bem estruturado e acessível para toda a cidade. Este evento não só fortalece nossa tradição, mas também celebra o talento e a dedicação dos vaqueiros araripinenses, que são referência na região”, afirmou. O secretário de Esportes, Ricardo Zuilton, reforçou o impacto positivo da competição. “A vaquejada é um dos esportes mais tradicionais do Nordeste e merece incentivo. Esse circuito trará grandes oportunidades para os competidores e também aquecerá o turismo e a economia local”, declarou.
O Circuito Araripinense de Vaquejada 2025 terá início no distrito de Nascente, de 7 a 9 de março, no Parque José Pinho Campos, seguindo com a segunda etapa em Rancharia, de 4 a 6 de abril, no Parque Pedro Jaudes. A terceira etapa retorna ao distrito de Nascente, de 25 a 27 de abril, no Parque Afonso Bernades, e a quarta acontece no distrito de Gergelim, de 23 a 25 de maio, no Parque Francisco Filho. Já a quinta etapa será no Sítio Santana, de 11 a 13 de julho, no Parque Santana, enquanto a sexta acontece no Sítio Sambambaia, de 8 a 10 de agosto, no Parque Maria Alice Modesto. O circuito segue para a Feira Nova, de 11 a 14 de setembro, no Parque João Adrião, e na Santa Verônica, de 10 a 12 de outubro, no Parque Everton Santos.
Uma das grandes novidades do Circuito Araripinense de Vaquejada 2025 é a inclusão da categoria feminina, garantindo que as mulheres também tenham espaço para competir e mostrar sua habilidade na arena. A Grande Final será realizada no tradicional Arena Joaquim Afonso, com data a ser confirmada, reunindo vaqueiros e vaqueiras de toda a região. Além de fortalecer a cultura da vaquejada em Araripina, o evento contribuirá para a economia local e reafirmará o compromisso da Prefeitura com o incentivo ao esporte. Toda a população está convidada a prestigiar essa grande celebração da tradição nordestina.
SESI-PE oferece 300 vagas para cursos gratuitos e a distância
As inscrições podem ser feitas até o dia 23 de fevereiro. Os cursos dão direito a certificado
Para quem busca aprimorar o currículo de maneira ágil e eficiente, o Serviço Social da Indústria de Pernambuco (SESI-PE) está oferecendo 300 vagas para cursos gratuitos, sendo 150 para ‘Relacionamento Interpessoal’ e outras 150 para “A Importância do Feedback”. Os interessados podem se inscrever até o dia 23 de fevereiro, ou enquanto houver vagas, pelo site pe.sesi.org.br, na seção “Educação Continuada”. Para participar, é necessário ter no mínimo 16 anos, acesso à internet, e-mail e conhecimentos básicos de informática.
No curso ‘Relacionamento Interpessoal’, o objetivo é fazer com que os estudantes reflitam sobre a importância das relações visando um ambiente de trabalho mais saudável. Entre os temas debatidos durante as aulas estão: O ambiente de trabalho e as relações; Inteligência interpessoal; Percepção: eu e o outro; Comunicação; Escuta; Assertividade; Empatia; Cordialidade; Ética; Gestão de Conflitos. A carga horária é de 12h.
Em ‘A Importância do Feedback’, o objetivo é compreender o conceito e reconhecer a importância do feedback como uma ferramenta para melhorar as relações de trabalho. No conteúdo trabalhado, estarão assuntos como Definição de Feedback; Segredo para uma boa liderança; Por que a maioria das pessoas tem dificuldade em receber feedback?; Por que é tão difícil dar um feedback?; Quando dar feedback?; O que falar para o funcionário?; Feedback como um espaço aberto. A carga horária é de 8h.
Após realizar a matrícula, o estudante terá 30 dias para terminar o curso desejado. Após a conclusão, ele deverá participar de uma avaliação na plataforma educacional e, ao atingir o mínimo de 70 pontos no exame, receberá o certificado. Para tirar dúvidas ou obter outras informações, basta
entrar em contato pelo (81) 98151-8375 (WhatsApp) ou pelo e-mail educacao.distancia@pe.sesi.org.br
Sistema FIEPE - Mantido pelo setor industrial, atua no desenvolvimento de soluções para trazer ainda mais competitividade ao segmento. Além do SESI – que proporciona serviços de saúde e educação básica para os industriários, familiares e comunidade geral – conta ainda com a FIEPE, o SENAI e o IEL. A Federação realiza a defesa de interesse do setor produtivo e contribui com o processo de internacionalização das indústrias. Com o SENAI-PE, além de formação profissional, são oferecidos os serviços de metrologia e ensaios, consultorias e inovação. O IEL-PE foca na carreira profissional dos trabalhadores, desde a seleção de estagiários e profissionais, até a capacitação deles realizada pela sua Escola de Negócios.
Morre aos 76 anos, Irmã Antonia Rodrigues, do Instituto Religioso das Irmãs Medianeiras da Paz
Faleceu na manhã desta quinta-feira (13), em Araripina-PE, a religiosa Irmã Antonia Rodrigues Mendes, aos 76 anos. Integrante do Instituto das Irmãs Medianeiras da Paz, Irmã Antonia dedicou sua vida à fé, ao serviço e à missão evangelizadora, deixando um legado de amor e compromisso cristão.
O velório acontece na Funerária AFAGU, e o cortejo fúnebre está previsto para sair às 15h em direção à Paróquia Nossa Senhora das Dores, onde será celebrada a Missa de corpo presente pelo padre Fernando Leite de Araújo, às 16h.
O Instituto das Irmãs Medianeiras da Paz manifestou pesar pela perda e agradeceu as manifestações de apoio e orações. Familiares, amigos e fiéis estão convidados a prestar homenagens e se unir em oração pela religiosa.
Comunicado de Velório
Juntos pela Educação: Estado nomeia 99 novos analistas e assistentes educacionaisJuntos pela Educação: Estado nomeia 99 novos analistas e assistentes educacionais
Desde 2023, gestão estadual nomeou 1.025 analistas e 593 assistentes; mais de 9 mil professores da educação básica já foram convocados nesse período
Pernambuco registra redução de quase 20% nos homicídios em janeiro de 2025
Janeiro de 2025 foi o mês em que Pernambuco registrou a maior queda no número de homicídios desde setembro de 2022. Na comparação com o mesmo período do ano passado, janeiro deste ano apresentou uma diminuição de 19,7% no índice, sendo a maior redução nos últimos 28 meses. A retração foi registrada nos índices de mortes violentas intencionais (MVI) em todas as regiões do estado.
PF cumpre ‘Operação EmendaFest’ que investiga desvio de verbas de emendas parlamentares
Por Isabel Cesse
A Polícia Federal deflagrou, hoje, a operação intitulada EmendaFest, por determinação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os agentes cumprem 13 mandados de busca em Brasília e em cinco cidades gaúchas: Estrela, Rosário do Sul, Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado. Também foi determinado o afastamento do cargo e das funções públicas de alguns dos investigados, bem como o bloqueio de valores de contas de pessoas físicas e jurídicas.
A apuração investiga desvios de recursos públicos, corrupção ativa e passiva por meio da destinação de emendas parlamentares e tem como objetivo aprofundar investigações sobre irregularidades no uso de verbas destas emendas, que integram processo em tramitação no STF.
A fase de hoje é referente a denúncias de que um grupo negociou propina de 6% do valor de emendas para a liberação das verbas aprovadas pelo Congresso com destinação para serviços e melhorias no Hospital Ana Nery, localizado em Santa Cruz do Sul (RS).
Dentre os alvos estão Lino Furtado, atual chefe de gabinete do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS) na Câmara, e o diretor administrativo da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional do RS, Cliver Andre Fiegenbaum. Nem eles nem o deputado Afonso Motta se manifestaram até agora sobre o assunto.
Até as 8h20 os agentes encontraram R$160 mil em dinheiro vivo nas casas inspecionadas, sendo que em uma delas, foram encontrados aparelhos celulares no forro do teto. Os policiais também procuram checar se os investigados têm em suas residências uma espécie de “contrato de propina” – documento que já foi encontrado por eles anteriormente, durante as primeiras apurações sobre o esquema criminoso.
Lula vai ao Amapá e Pará com agendas opostas no debate ambiental
Em sua nova rotina de viagens para buscar estar mais ao lado da população, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai ao Amapá e Pará, hoje e amanhã, estados em que deve defender agendas que podem ser consideradas opostas no debate ambiental. No estado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), uma das pautas será a exploração de petróleo na Margem Equatorial. No Pará, a COP-30 e a discussão sobre a substituição de combustíveis fósseis na transição energética.
Na passagem pelo Amapá, Lula vai inaugurar uma etapa da linha de transmissão de energia elétrica, mas vai repetir que defende a exploração de petróleo na Margem Equatorial, criticada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e ambientalistas. Um discurso que agrada e muito o senador Davi Alcolumbre, outro defensor da exploração de petróleo na Foz do Amazonas, tema que gera debate e divergências no governo Lula. As informações são do blog do Valdo Cruz.
Já no Pará a agenda é a pauta climática, onde será realizada em novembro a COP-30 e o mundo vai discutir formas para reduzir as emissões de carbono na atmosfera. Um dos caminhos é reduzir a exploração de combustíveis fósseis, como o petróleo. Ontem, Lula gerou ruídos ao criticar publicamente o Ibama pelo “lenga-lenga” na concessão da licença para a Petrobras pesquisar petróleo na Margem Equatorial. Em resposta, o presidente do órgão, Rodrigo Agostinho, respondeu que tudo está sendo feito tecnicamente e a resposta será técnica. Lula acabou contrariando a sua própria orientação, de não criar bate-boca público sobre divergências internas do governo. O mal-estar que já estava presente dentro do Ministério do Meio Ambiente só fez aumentar com as cobranças públicas do presidente da República.
“Espanador não limpa poeira”: livro relata 50 anos de trabalho doméstico
Quem vê essa pessoa tão sorridente na foto acima, não imagina o que ela passou ao longo da vida. Vera Lúcia da Silva, 62, viveu uma experiência muito comum às meninas de sua geração, principalmente aquelas que passaram a infância na Zona da Mata, cuja jornada no corte da cana começava cedo, para engordar o orçamento da família.
No caso de Vera, ela preferiu o emprego doméstico, ao invés da enxada. Aos doze já trabalhava em casa de família no município onde nasceu, Sirinhaém, localizado a 75 quilômetros do Recife. Dois anos depois, veio morar e trabalhar na capital pernambucana, onde viveu décadas de invisibilidade e humilhações, agora relatadas em livro, que será lançado na tarde da sexta-feira (14/2), na Livraria O Jardim, no bairro da Boa Vista.
Entre os relatos, há destaque para privação alimentar, acidentes de trabalho, práticas racistas e até violências sexuais, praticadas por patrões. Atualmente aposentada e morando na periferia da capital pernambucana, Vera acaba de contar sua experiência em “Espanador não limpa poeira”, que já está disponível para pré-venda. O exemplar, publicado pelo Selo Mirada, custa R$ 55. E pode ser adquirido via Pix, no endereço espanador2024@gmail.com.
Vera nasceu no Engenho Palma, na Zona da Mata Sul, região conhecida pelo abismo social então existente entre lavradores (canavieiros) e donos da terra (senhores de engenho e usineiros). Ela começou a trabalhar como empregada doméstica ainda criança. Aos 14, deixou o interior e se mudou para o Recife, carregando nas malas o peso da exploração e das condições precárias do trabalho em casas de família da região. Mas os abusos persistiram na cidade grande.
Ao longo dos anos, Vera enfrentou humilhações, falta de direitos, acusações injustas e preconceito por ser mulher e de origem humilde. Viveu situações desumanas, como ser forçada a comer sobras de comida estragada ou ser impedida de usar os banheiros da casa em que trabalhava — sendo direcionada a instalações precárias — no fundo do quintal, até mesmo durante as madrugadas.
Mãe solo aos 19 anos, tem um filho e duas filhas. O rapaz, Carlos (42), fez o ensino médio e trabalha em construção civil. Já as moças possuem nível universitário: Cristiana (39) é doutora em Medicina Veterinária; e Karla Cristina (37) é técnica de enfermagem e formada em Química.
Além deles, Vera criou mais três que não são filhos biológicos e estão adultos: Gustavo (31), Camila Roberta (29) e Ana Paula (31). E a mulher que começou como empregada e se tornou escritora, dedicou sua vida a proporcionar um futuro melhor para a prole. Sempre disse aos filhos: ‘Meu trabalho é digno, mas vocês precisam estudar para não passarem pelas dificuldades que eu enfrentei’”.
Nos anos 1990, ela trabalhou na na Biblioteca do Centro de Filosofia e Ciências Humanas – CFCH, no campus da Universidade Federal de Pernambuco, limpando livros. Dedicada, chamou atenção da professora Silke Weber, que a convidou para limpar sua sala de trabalho, no 12º andar, onde aconteciam as atividades do Programa de Pós-graduação em Sociologia.
Foi ali que os caminhos se cruzaram pela primeira vez com Wedna Galindo, docente do Departamento de Psicologia da UFPE, que se tornaria sua parceira e coautora no projeto do livro. Enquanto realizava seu trabalho, Vera chamou a atenção de Wedna pelo cuidado com que manuseava as obras e pela curiosidade com os títulos.
Logo, a vida de Vera foi chamando atenção de Wedna. “A cada conversa, percebia que, mesmo sem ser plenamente consciente, ela estava refletindo criticamente sobre sua própria trajetória e as condições de trabalho que vivenciava”, explica a professora. “A produção do livro foi, de fato, uma proposta que surgiu dela mesma.
O meu papel foi sempre o de respeitar o desejo de Vera. Eu enxerguei naquele desejo uma grande potência, um potencial transformador, que, se bem conduzido, poderia ganhar vida própria”, concluiu a coautora. Wedna é Doutora em Psicologia pela Universidade Católica de Pernambuco. E tem um extenso histórico de trabalhos com movimentos sociais e projetos voltados para a valorização da memória de grupos que vivem na invisibilidade.
“Espanador não limpa poeira“, tem 96 páginas, está dividida em cinco partes, que abordam desde sua infância até reflexões sobre dignidade e respeito no trabalho doméstico. O título do livro foi inspirado em sua primeira experiência de trabalho, quando foi injustamente acusada de não limpar os móveis, sem saber que o espanador apenas espalhava a poeira. Reflete Vera:
“O título “Espanador não limpa poeira” é mais que uma lembrança, é uma metáfora para como sempre fomos tratadas: invisíveis e desvalorizadas”.
Sintepe aprova pauta da Campanha Salarial Educacional 2025
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) aprovou, em assembleia realizada na segunda-feira (10), a pauta de reivindicações da Campanha Salarial Educacional 2025. Com a presença de cerca de 300 profissionais da educação, a categoria definiu 33 itens prioritários, incluindo a atualização do Piso Salarial Nacional do Magistério, reajuste de 6,27% para todos os servidores da Secretaria de Educação do Estado e um acréscimo de 50% para profissionais com licenciatura ou ensino superior. Além disso, o sindicato pede que o piso de nível médio seja equivalente a 75% do valor do magistério.
Entre as principais demandas, está a convocação imediata dos 1.776 aprovados no concurso público de 2022 para professores, além de todos os classificados para cargos administrativos, analistas e educadores especializados. A categoria também reivindica a reformulação do Plano de Cargos, Carreira e Rendimentos (PCCR), ampliação da carga horária para administrativos e ajustes em benefícios, como pagamento de férias para recém-nomeados.
O Sintepe reforçou a necessidade de melhorias estruturais nas escolas, combate ao assédio moral e a inclusão do ensino de Língua Espanhola no currículo da rede estadual. “Valorizando os trabalhadores da educação, estamos garantindo uma escola pública de qualidade para os estudantes”, afirmou Ivete Caetano, presidenta do sindicato. O documento com as reivindicações foi encaminhado ao governo estadual, dando início às negociações da campanha salarial deste ano.