Há 6 meses, brasileiros estão retirando mais dinheiro que guardando.
Custo de vida maior motiva retiradas, dizem especialistas.
Há seis meses, os brasileiros estão retirando mais dinheiro da poupança do que guardando. Em junho, a caderneta da poupança registrou saída líquida (retiradas menos depósitos) de R$ 6,26 bilhões em junho, segundo o Banco Central. Foi a maior saída de recursos para o mês desde o início da série histórica, em 1995.
O resultado acontece em um momento de aumento do custo de vida, com inflação subindo e juros mais altos. Especialistas ouvidos pelo G1 apontam duas razões principais para a fuga de recursos da poupança: necessidade de retirar dinheiro da aplicação para honrar compromissos em um momento econômico difícil e queda do rendimento da poupança em relação a outros investimentos.
O resultado acontece em um momento de aumento do custo de vida, com inflação subindo e juros mais altos. Especialistas ouvidos pelo G1 apontam duas razões principais para a fuga de recursos da poupança: necessidade de retirar dinheiro da aplicação para honrar compromissos em um momento econômico difícil e queda do rendimento da poupança em relação a outros investimentos.
Para o educador financeiro Edward Junior, da DSOP, algumas pessoas “precisam tirar reservas financeiras para pagar as contas em dia, com esse aumento do custo de vida e da inflação desse ano”. “Muitas pessoas já tinham ajustado suas contas para o mínimo possível e estão recorrendo à poupança para não entrar no cheque especial ou cartão de crédito”, diz o especialista. “O cheque especial está em torno de 10% ao mês. O cartão, em 13% em média."
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"Não adianta ter lá o dinheiro guardado e pagando esses juros”, defende Junior. “O ideal é nunca deixar de poupar, nem que seja um valor menor do que o que está acostumado, para não perder esse hábito.”
Para o consultor financeiro André Massaro, a fuga da poupança está sendo motivada pela necessidade do brasileiro de ter liquidez (dinheiro na mão para consumir e pagar as contas). “O nível de endividamento continua alto e a atividade econômica está em retração, por isso as pessoas estão direcionando mais seus recursos para pagar dívidas e se proteger. O maior medo é perder o emprego e ficar sem renda, e a poupança fica em segundo plano”, analisa. “Está sobrando menos dinheiro para pagar a conta e ele está saindo da poupança.”
Para o consultor financeiro André Massaro, a fuga da poupança está sendo motivada pela necessidade do brasileiro de ter liquidez (dinheiro na mão para consumir e pagar as contas). “O nível de endividamento continua alto e a atividade econômica está em retração, por isso as pessoas estão direcionando mais seus recursos para pagar dívidas e se proteger. O maior medo é perder o emprego e ficar sem renda, e a poupança fica em segundo plano”, analisa. “Está sobrando menos dinheiro para pagar a conta e ele está saindo da poupança.”
Outro fator que pesa é o aumento do nível de desemprego, diz o professor de finanças do Insper, Michael Viriato. “O brasileiro fica sem dinheiro e, como a maior parte das demissões afeta a população de renda mais baixa, essa é a faixa que tem mais parte da sua renda alocada na poupança”. Para o professor, como as famílias estão mais endividadas, elas estão tirando mais dinheiro da aplicação para cobrir estas dívidas.
Outra situação apontada como causa da “fuga da poupança” é o rendimento menor que a inflação. Michael Viriato acredita que o fato de outros investimentos terem ficado mais atrativos que a poupança, com o aumento da taxa Selic – hoje em 13,75% – tem incentivado a migração para outras aplicações como CDBs (Certificados de Depósito Interbancário) e fundos DI, que acompanham a taxa de juros oficial.
“Em março, o Tesouro Direto, por exemplo, bateu recorde de captação”, acrescenta Edward Junior. “As pessoas estão migrando para investimentos que rendam mais e que tenham um risco próximo da caderneta de poupança, que não é tão atrativa para objetivos de médio e longo prazo.”
Viriato lembra que um dos principais efeitos da fuga da poupança é a escassez de dinheiro para financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Como efeito, haverá menos recursos para emprestar dinheiro para a compra de imóveis.
“Em março, o Tesouro Direto, por exemplo, bateu recorde de captação”, acrescenta Edward Junior. “As pessoas estão migrando para investimentos que rendam mais e que tenham um risco próximo da caderneta de poupança, que não é tão atrativa para objetivos de médio e longo prazo.”
Viriato lembra que um dos principais efeitos da fuga da poupança é a escassez de dinheiro para financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Como efeito, haverá menos recursos para emprestar dinheiro para a compra de imóveis.