A sobretaxa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros entrou em vigor no último dia 6 e já provoca apreensão no setor exportador, que aguarda para amanhã os primeiros dados oficiais do governo sobre o impacto nas vendas externas. O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que será possível dimensionar melhor os efeitos assim que for divulgado o balanço das exportações da última semana. Segundo ele, já há sinais de desaceleração.
A tarifa imposta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, atinge cerca de 36% das exportações brasileiras para os EUA, o equivalente a US$ 14,5 bilhões em 2024. Entre os itens afetados estão café, frutas e pescado. Dados de julho mostram que, após meses de média semanal superior a R$ 1,4 bilhão, o volume caiu para R$ 1,4 bilhão na última semana do mês, indicando tendência de redução de preços e quantidades. As informações são do portal g1.
Para conter os efeitos do chamado “tarifaço”, o governo prepara um plano de contingência a ser apresentado até terça-feira (12). As medidas devem incluir linhas de crédito, adiamento de tributos e compras públicas de mercadorias perecíveis, com foco em pequenas e médias empresas. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que será um “programa bem amplo” para preservar a economia e os empregos.
A economista Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que “o peso do problema será o peso do Estado para resolvê-lo” e defende ações coordenadas nas esferas federal, estadual e municipal, voltadas apenas aos setores diretamente prejudicados. Ela lembra que o pacote deve ter prazo definido e respeitar as restrições fiscais. Beni cita reportagem da revista britânica The Economist, segundo a qual as tarifas de Trump são mais ameaça política do que impacto econômico real.
Segundo a publicação, o Brasil exporta relativamente pouco em relação ao PIB e depende menos do mercado americano do que outros países, com apenas 13% de suas vendas externas destinadas aos EUA. A The Economist também aponta que as medidas são retaliação política, ligadas à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Para o economista Robson Gonçalves, também da FGV, as ações emergenciais devem vir acompanhadas de uma política de comércio exterior mais agressiva e de longo prazo, voltada à diversificação de mercados. “No papel tudo funciona, mas não temos uma política articulada. Agora será preciso ter”, afirma.
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